O desmatamento e as queimadas respondem por cerca de 75% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, que ocupa o quarto posto no ranking dos maiores poluidores do mundo. Esses dados foram apresentados pelo professor Carlos Alfredo Joly, da Unicamp, durante um seminário sobre os Impactos das Mudanças Climáticas no Estado de São Paulo, realizado no início de junho na Cetesb, em São Paulo.
Joly propôs a realização de um inventário para avaliar as emissões de gases de efeito estufa em São Paulo. Em protocolo anunciado este mês, o governador José Serra e a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) comprometeram-se a eliminar as queimadas até 2017.
O professor da Unicamp apresentou informações importantes sobre os impactos das queimadas no interior paulista. Na última safra, foram queimados mais de 2,5 milhões de hectares de cana, o que representa a emissão de 750 mil toneladas de material particulado. Em 2006, da área plantada, 3,4 milhões de hectares foram ocupados por cana, mas apenas 900 mil hectares foram colhidos com máquinas.
Eliminar a queimada reduz as emissões de gases poluentes, mas traz sérios problemas sociais. Na cana, cada colheitadeira faz o trabalho de 100 cortadores. Resta em São Paulo apenas 10% de sua mata originalmente, segundo o professor da Unicamp. Uma boa parte dos cerrrados paulistas foi destruída pela febre canavieira. Em 1950, o Estado tinha 85% de cerrados. Hoje restam 2%.
Nem tudo está perdido. São Paulo pode recuperar parte das florestas valendo-se das ferramentas do Protocolo de Kyoto. ‘Podemos fazer a reposição de matas ciliares, criar áreas de preservação permanente e usar a reserva legal prevista no Código Florestal´´, diz Joly.
É uma boa proposta para as usinas de açúcar e álcool. Além de produzir um combustível limpo e renovável, que reduz as emissões de gases poluentes, as usinas estariam colaborando para recompor pelo menos uma pequena parte da mata que foi destruida pela agricultura.