Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Estadão desmente blogue e traz duas boas páginas sobre o Bolsa-Família nos grotões

Um dia depois do comentário sobre o silêncio da grande imprensa sobre os elogios da The Economist sobre o Bolsa-Família, O Estado de S.Paulo recupera-se e traz reportagem de página dupla sobre o alcance do programa no subsolo da sociedade brasileira. Duas reportagens de leitura recomendada, assinadas pelo tarimbado repórter Lourival Sant’Anna, mostram alguns dos efeitos do programa entre famílias de renda ‘que se aproxima do zero’ , em Araióses, cidade do interior do Maranhão que tem o sexto pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Os parágrafos que discorrem sobre a influência do programa nos grotões não deixam dúvida sobre sua influência na vida dos assistidos e dos municípios miseráveis não deixam dúvida sobre ‘o relativo sucesso dos programas sociais’. Em Araióses, informa o repórter, o dinheiro do Bolsa-Família equivale a 43% dos repasses enviados pelo governo federal – situação que se repete em mais de 40% dos municípios visitados por uma pesquisa da PUC de São Paulo que acompanha o texto.


As seis reportagens distribuídas em duas páginas do O Estado desse domingo queimaram a língua do jornalista-responsável por esse blogue. Não há mais silêncio sobre o assunto na grande imprensa. Nem por isso, entretanto, deixa de merecer alguns reparos. Um deles é o reducionismo político-eleitoral aplicado nos títulos da maioria das reportagens que ocupam duas páginas do jornal. Já na primeira página, o ambiente é mais carregado: ‘Bolsa Família vira base para reeleição de Lula’, diz a marota manchete principal. ‘Presidente usa programa que tem imagem abalada por suspeitas de fraudes’, completa o exagerado subtítulo, que é desmentindo na reportagem que abre a segunda página – ‘Pesquisa do Bird aprova programa do governo’ – e não encontra sustentação numérica no título da quarta reportagem, ‘Fraudes e falhas de cadastro desviam dinheiro do projeto’.


Descontando-se os exageros, O Estado diferenciou-se dos demais, onde o silêncio permanece. Recomenda-se fortemente a leitura.