Os jornais, de modo geral, não estão dando a atenção devida ao que desde sempre me pareceu o xis da questão do dossiê: não o vídeo de José Serra, que qualquer um pode comprar dos camelôs de Cuiabá pora R$ 80, muito menos o punhado de fotos em que também aparece Geraldo Alckmin – mas o ventilador que a família Vedoin deu a entender que tinha, capaz de jogar lama em partidos de todos os tamanhos e cores, PT incluído.
O pessoal que concebeu e operou a Operação Tabajara, como a Polícia Federal batizou a lambança da frustrada compra do dossiê, pode ser burro, como diz o presidente Lula, mas não rasga dinheiro (de onde veio? de onde veio? de onde veio?).
O delegado Edmilson Pereira Bruno, o que prendeu a dupla caipira Valdebran e Gedimar no Hotel Ibis em São Paulo, com 1,410 milhão em reais e 139 mil em dólares, aparece nos jornais de hoje dizendo que, segundo Gedimar, a grana era para o PT pôr a mão nas 2 mil páginas de documentos incriminadores contra deus-e-todo-o-mundo que estariam à venda, mas aparentemente nunca foram vistos por ninguém fora da familia mafiosa e cujo paradeiro é absolutamente incerto e não sabido.
É nisso que a mídia devia estar mirando, com prioridade, assim que saiu a primeira referência a respeito, no fim da semana passada. O que a PF tem feito, por sinal, para achar a papelada?
A questão da origem do dinheiro é primariamente da esfera policial. A questão das 2 mil páginas é visceralmente política.
P.S. 1
Já notaram que o escandalão do dossiê teve até agora, se tanto, influência apenas marginal – sem trocadilho – nos resultados das pesquisas? Lula e Serra continuam como de há muito estavam: surfando numa boa rumo ao primeiro turno. Alckmin, mesmo depois do seu tecnicamente excelente programa-denúncia de quinta-feira, só ‘cresceu’ 2 pontos. Mercadante está ‘parado’. As aspas nos dois casos significam que, por causa da famosa margem de erro, nada se pode dizer das mais recentes sondagens em comparação com as que as precederam.
P.S. 2
Gol de placa do Globo, na primeira página da edição de hoje: uma foto com uma pilha de dinheiro apreendido pela Polícia Federal, acima do primoroso título ‘Ação republicaana’. Mas não é a bufunfa do dossiê, infelizmente. A legenda explica: ‘Um dia depois de o ministro Márcio Thomaz Bastos dizer que a PF não mostra dinheiro apreendido, apareceu em seu site a foto de R$ 180 mil confiscados numa ação em MS.’
P.S. 3
Pelo menos até o começo da semana a IstoÉ não tinha pago o salário de agosto de seus funcionários, segundo fontes da revista.
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