A selvageria dos invasores do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra), dissidência do MST, na invasão e depredação do Congresso, é o assunto do dia. As cenas de barbárie repetidas desde ontem pela tevê mobilizaram as sucursais dos jornalões de Brasília, dando aos leitores a oportunidade de comparar a qualidade do material publicado. A Folha de S.Paulo traz, de longe, a cobertura mais consistente, assinada quase integralmente pelo trio de repórteres Ranier Bragon, Letícia Sander e Adriano Ceolin.
Além de dedicar espaço mais generoso para as cenas de barbárie explícita dos integrantes do MLST – fotos de hoje indicam que vários invasores não têm nada a ver com trabalhadores que reivindicam um pedaço de terra para trabalhar –, o jornal traz a cobertura mais equilibrada.
Um dos textos publicados pelo jornal que merece registro vem assinado por Fernando Rodrigues. ‘A degradação dos valores do Congresso -com seus bingueiros, mensaleiros e sanguessugas – parece ter colocado no chão o natural respeito mínimo que se deve ter pela instituição’, diz o colunista. Mais adiante, justificando que ‘nada justifica, por certo a violenta ação do MLST’, traz uma pergunta que merece reflexão:
‘Qual reverência deve ter um manifestante pelo Congresso quando sabe que deputado atrás de deputado é absolvido depois de ter sido flagrado recebendo dinheiro de maneira criminosa?’
Destaca-se também, na cobertura da Folha, a reportagem ‘Dirigente ‘enforcou’ reunião no PT para invadir Congresso’, por ser o único texto que informa sobre a quem é o ‘dirigente da executiva do PT’ que abre a reportagem principal do O Estado de S.Paulo sobre o quebra-quebra:
‘A invasão de ontem da Câmara dos Deputados teve como um dos líderes o pernambucano Bruno Maranhão, integrante da Executiva Nacional do PT que tem assento na comissão política (espécie de coordenação de campanha) do partido.
O envolvimento de um dirigente tão graduado no quebra-quebra, às vésperas de uma campanha eleitoral, irritou os petistas. Preocupados com a repercussão política, líderes foram duros nas críticas a Maranhão, que deverá ser punido.
No momento da depredação, a direção petista reunia-se para debater a campanha lulista. Curiosamente, o próprio Maranhão, que ocupa o cargo de secretário nacional de Movimentos Populares, foi convocado, mas ‘enforcou’ a reunião para participar da invasão.
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Maranhão chegou à Executiva petista no final do ano passado, quase por acaso. Líder de uma facção baseada em Pernambuco, o ‘Brasil Socialista’, ele apoiou a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio a presidente do PT. Plínio e boa parte de seus apoiadores migraram para o PSOL logo após a eleição, mas Maranhão, que decidiu ficar, ‘sobrou’ como alternativa para compor a Executiva.
Os dirigentes do PT sinalizam claramente que será aberto um processo de expulsão de Bruno Maranhão. ‘O caminho natural seria ele [Maranhão] já ter marchado para o PSOL. A permanência dele no PT foi mero acidente’, afirmou ontem o secretário nacional de Finanças do PT, Paulo Ferreira.
Durante a invasão, foram os deputados do PSOL Luciana Genro (RS) e João Alfredo (CE) que levaram Maranhão para conversar com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, que se recusava a recebê-lo. Aldo disse então: ‘Eu não vou te receber porque não converso com invasor. Tire esse pessoal daqui. Você vai ser autuado e preso’.
Aldo contou aos deputados que estava irritado, pois há uma semana encontrou-se com Maranhão nas dependências da Câmara. No rápido contato, o presidente da Câmara disse que esperava por uma visita dele para conversarem. Já Maranhão disse que tentava falar com Aldo há alguns dias.
(…)
Recomenda-se a leitura na íntegra.