Só o Globo dá hoje com o merecido destaque a notícia da prisão de donos de restaurantes acusados de participação numa quadrilha internacional de tráfico de drogas. Na chamada Operação Caravelas, a Polícia Federal apreendeu 1,6 tonelada de cocaína, recorde no Rio de Janeiro (*). A Folha dá destaque ao assunto. Mais vergonhoso do que o tratamento dado pelo Estadão, que escondeu o assunto num pedaço de coluna, só o do Jornal do Brasil, que é do Rio de Janeiro e dá só uma notinha. Os acusados são sócios do restaurante de peixes e frutos do mar Satyricon, em Ipanema, e da rede de pizzarias Capricciosa, locais freqüentados pela elite.
Curioso é que o Globo, em página sucessiva, se espante com o fato de um assaltante de apartamentos morto ontem, Pedro Lomba, filho de um ex-policial, ter tido namoradas de classe média que freqüentariam a favela da Rocinha. O Globo continua se espantando com isso.
(*) A importância da apreensão é dada pelo pé de notícia comum ao Globo e ao Estadão. Cito o Globo: ‘Agentes da DEA, departamento que investiga drogas nos EUA, estiveram ontem no depósito [um frigorífico no subúrbio da Penha onde estava a cocaína, dentro de pacotes de bucho de boi que seriam exportados para Portugal]. Eles querem descobrir qual cartel colombiano fornecia drogas ao bando’. Não é raro essas grandes operações de apreensão da Polícia Federal serem feitas a partir de dicas dadas pela polícia americana, que tem agentes infiltrados no tráfico. [12h20.]