A TV Globo tem duas hipóteses de planejamento para a cobertura da campanha eleitoral, segundo o jornalista Milton Temer, ex-deputado federal que representou o PSOL em reunião com presidentes de dez partidos na sexta-feira (10/2) na emissora. Se o Brasil for finalista da Copa do Mundo, a campanha só começa no dia 1 de agosto. Se a seleção ficar pelo caminho, começa antes. A Globo estabeleceu critérios de paridade e proporcionalidade partindo do pressuposto de que haverá cinco candidatos principais a presidente da República.
O Jornal Nacional fará “caravanas” em cidades brasileiras, para exibição às segundas-feiras. Haverá sorteio desses roteiros. O público só saberá no dia, para evitar “montagens” políticas. Os jornalistas da Globo editarão os programas para evitar que neles haja exploração de candidatos. Serão reportagens em determinados locais para saber a opinião dos cidadãos sobre a conjuntura e sobre o que pretendem do novo presidente.
Estabeleceram-se os critérios sobre a presença dos candidatos na cobertura. Haverá uma entrevista pessoal com cada candidato. O grande debate do primeiro turno está programado para a quinta-feira anterior à votação, dia 28 de setembro. O debate entre os concorrentes no segundo turno forçaria um pouco a barra e seria feito, mediante negociação com o Tribunal Superior Eleitoral, no dia 27 de outubro, sexta-feira, para ficar bem em cima da votação, que, se houver, será no domingo, dia 29.
Milton Temer avalia que a reunião foi bastante representativa. Diz que a notícia (*) dada naquela noite no Jornal Nacional foi uma maneira de consagrar, sem documento escrito, o entendimento entre os presentes. o jornalista constatou que há uma grande preocupação da emissora em deixar patente seu esforço para ser isenta.
Temer, integrante da Executiva do Partido Socialismo e Liberdade, faz uma distinção entre a cobertura de imprensa escrita e a dos meios eletrônicos:
‘O que o PSOL espera da cobertura dos meios de comunicação nesta campanha eleitoral é, antes de tudo, muita honestidade e muita transparência. Os órgãos de comunicação impressa, que são propriedades privadas, são entes privados, têm o direito de editorializar e assumir claramente a posição dos seus candidatos, desde que não sirvam como instrumento de calúnia para os candidatos dos candidatos adversários, porque aí existe a legislação para se responder a isso.
No caso da mídia eletrônica, há que haver um controle permanente, porque os efeitos dela são imediatos e são irreversíveis, e se trata no caso de meios de comunicação que são concessões de direito público entregues a entes privados. É preciso ter claro que o que os canais de televisão na verdade são são produtoras privadas que usam o meio público, que são os canais a elas concedidos e, portanto, não podem abusar disso no seu interesse privado. Elas têm que atender ao equilíbrio absoluto e, nesse caso, à igualdade de direito entre os candidatos apresentados.’
(*) Esta foi a nota lida no Jornal Nacional no dia da reunião: “A TV Globo reuniu, hoje, na sede do Rio de Janeiro, presidentes e representantes de dez partidos políticos brasileiros. Na reunião, diretores da Central Globo de Jornalismo apresentaram a proposta de cobertura da eleição presidencial desse ano e o cronograma das entrevistas em estúdio, dos debates políticos e das reportagens especiais.
Participaram do encontro: o presidente do PMDB, deputado Michel Temer ; o deputado Eduardo Paes, secretário nacional do PSDB; o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini; o deputado Rodrigo Maia, representando o PFL; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; Adão Cândido, representando o presidente do PPS, Roberto Freire; o presidente do PP, deputado Pedro Correia; Laura Guimarães, representando o presidente do PTB, Flávio Martinez; o deputado Carlos Luppi, presidente do PDT; e o deputado Milton Temer, representando o P-Sol.”