A rede de jornais McClatchy fechou neste fim de semana a compra da Knight Rider , a segunda maior rede de jornais dos Estados Unidos e três vezes maior do que os seus novos donos. Para os analistas da imprensa norte-americana foi como se um golfinho devorasse um animal muitíssimo maior, num negócio ainda cheio de dúvidas e incertezas. A venda das ações Knight Rider foi considerada um verdadeiro plebiscito sobre o futuro dos jornais nos Estados Unidos porque o valor do negócio iria servir de termômetro para o grau de confiança que a imprensa norte-americana desperta hoje nos investidores de Wall Street. A concretização da venda, por um preço acima do valor estimado pela Knight Rider, tranquilizou o mercado e principalmente os acionistas das outras duas grandes redes de jornais dos Estados Unidos, a Gannet e a Times. Mas o negócio pode acabar numa tragédia para os jornalistas empregados em 12 dos 31 jornais que integravam a cadeia Knight Rider. Os novos donos já avisaram que vão fechar, ou passar adiante, uma dúzia de matutinos e vespertinos em todo o país, entre eles títulos famosos como The Philadelphia Inquirer e o San José Mercury. A Knight Rider colocou-se à venda depois que seus principais acionistas chegaram a conclusão de que o negócio dos jornais já não era mais rentável como antigamente. Preferiram converter ações em cash para investir noutros ramos da mídia, provavelmente na internet. A McClatchy aceitou pagar 4,5 bilhões de dólares por todos os jornais da Knight Rider, que, globalmente, têm uma circulação de 3,2 milhões de exemplares diários. O total pago equivale a 67,25 dólares por ação , acima do valor de US$ 65.00, que era considerado o ponto de equilíbrio. Abaixo disto, a venda seria um fracasso que certamente provocaria um terremoto entre os grandes grupos corporativos norte-americanos que controlam meios de comunicação. Os novos donos do espólio da Knight Rider são um conglomerado de 12 jornais em sua maioria de tamanho intermediário em cidades também de porte médio. A McClatchy é considerada uma empresa financeiramente equilibrada que não apresentou prejuizos contábeis nas últimas duas décadas. Mas a grande incógnita é o risco de uma indigestão por parte do golfinho. A McClatchy terá que administrar problemas muito maiores e que vão colocar à prova a sua estrutura administrativa. O resultado do plebiscito não foi tão trágico como alguns analistas financeiros da Nova Iorque esperavam, mas as incertezas no negócio mantiveram o clima de suspense sobre o futuro dos jornais norte-americanos. Embora a transação envolvesse apenas duas corporações norte-americanas, ela estava sendo acompanhada pela imprensa do mundo inteiro porque um desfecho considerado pessimista seria altamente contagioso. Aos nossos leitores: Serão desconsiderados os comentários ofensivos, anônimos e os que contiverem endereços eletrônicos falsos.