A Editor & Publisher, a mais antiga revista especializada na cobertura da grande imprensa norte-americana, tornou-se esta semana a primeira grande publicação a pedir formalmente a retirada das tropas do Iraque. O artigo assinado por Greg Mitchell, o editor da revista, bate firme no governo Bush. ‘Chegou a hora dos jornais, muitos dos quais ajudaram para que entrássemos nesta guerra, usarem a sua força editorial para sairmos dela. Até agora, uns poucos lavaram as mãos ou se limitaram a criticar a condução da operações militares no Iraque. Não faz muito tempo, jornais como o The New York Times chegaram a pedir mais tropas. Agora, é literalmente, a hora de fazer ou morrer‘, diz Mitchell. Depois de salientar que a situação atual está começando a, perigosamente, ficar cada vez mais parecida a do Vietnã, o editor da Editor & Publisher afirma: ‘ Não é a primeira vez que os jornais norte-americanos são atropelados pelos seus leitores, como mostram recentes pesquisas de opinião a favor da retirada do Iraque’. O artigo, quase um editorial, vai seguramente aprofundar o debate dentro da imprensa norte-americana, especialmente entre os jornais (em sua maioria tidos como liberais) e os grupos conservadores que controlam as principais cadeias de radio e a rede Fox de televisão. A questão deve ganhar tons emocionais se continuar crescendo o movimento iniciado por jornais regionais dos Estados Unidos, a favor do fim da guerra. O The Dallas Morning News, por exemplo, passou a publicar semanalmente pelo menos um editorial contra a guerra. O Dallas é um dos mais influentes jornais do Texas, estado que é um reduto eleitoral do presidente George W. Bush. Pelo menos cinco outros conhecidos jornais regionais norte-americanos embarcaram na mesma campanha. O fato da mudança de posição da imprensa ter começado pelos jornais regionais e locais é uma consequência direta da pressão exercida por leitores, em sua maioria através de blogs pessoais e listas de discussão.