O alemão Johannes Gutenberg está novamente em evidência, cinco séculos e meio depois de ter inventando o sistema de impressão que deu origem aos jornais, livros e revistas atuais. Tudo porque a invenção do ferreiro da cidade de Mainz está hoje no centro da polêmica sobre o futuro da imprensa. Na França acaba de ser lançado o livro Une Presse Sans Gutenberg ( ver o texto que publiquei no Observatório ) escrito pelos jornalistas Jean François Fogel e Bruno Patiño, ambos pioneiros da versão digital do jornal Le Monde. Na Inglaterra, o respeitadíssimo Sir Simon Jenkins, colunista político do jornal The Guardian acaba de publicar um artigo com o provocativo título de
Já a revista de negócios Business Week qualificou como ‘vingança de Gutenberg‘ (Call It Gutenberg´s Revenge ) a decisão do bem sucedido site Baby Center de criar uma edição impressa de sua revista online.
O livro de Fogel e Patiño afirma que, no futuro, a imprensa não poderá depender apenas do sistema de impressão inventado por Gutenberg. A internet criou outras formas de comunicação que alteraram radicalmente a ecologia informativa da sociedade contemporânea, obrigando a uma revisão profunda dos metodos editoriais e sistemas gerenciais. O veredito de Une Presse Sans Gutenberg (Ainda não há tradução em português) é radical: O jornalismo jamais será o mesmo depois da internet.
Sir Simon Jenkins não nega a importância da rede mundial de computadores mas acha que está havendo muito exagero na cobertura das dificuldades da imprensa nos dois lados do Atlântico Norte. Jenkins provoca inclusive os ecologistas ao saudar as árvores derrubadas para a confecção do papel de imprensa e diz que os jornais ressuscitarão como uma ave Phenix.
A Business Week tentou fazer graça com Gutenberg e errou na dose porque a decisão da Baby Center está longe de configurar um fenômeno mediático. A revista decidiu criar uma versão impressa de olho nas salas de espera de consultórios de pediatria, apoio psicológico para pais e clínicas infantis. Ela seguiu o exemplo de dois outros sites que obtiveram bons resultados com versões impressas para leitura em ambientes especificos.
Na verdade há mais casos de fracasso do que de sucesso na migração do virtual para o real em matéria de veículos de comunicação. A grande maioria das publicações impressas tradicionais criou versões Web para diversificar o seu público e atrair anunciantes.
Tudo indica que a alternativa mais provável será a coexistência de versões online e impressas de um mesmo veículo. Cada versão com suas características específicas e público próprio. Um exemplo, textos mais complexos são lidos mais facilmente em papel enquanto a internet é imbatível em atualidade quente e busca de informações.
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