Na sexta-feira, 22, num P.S. [‘Apagão de informação numa questão de vida ou morte’] a um artigo que tratava de outro assunto, escrevi que não me considerava bem informado sobre as causas do chamado apagão aéreo, nem sabia quem está com a razão na queda de braço entre os controladores de vôo e a Aeronáutica.
Como podia ser diferente?
Ontem, em editorial, o Estado afirmou que uma coisa ‘precisa ser dita em alto e bom som’:
‘O Brasil não tem problemas de segurança de vôo. Segundo a insuspeita Organização Internacional de Aviação Comercial, nesta matéria o país figura no topo – categoria 1. A qualidade dos equipamentos de controle está dentro dos padrões mundiais. O Brasil é um dos raros países com tecnologia própria no setor.’
Hoje, no mesmo jornal, sob o título ‘FAB: ´Há equipamentos obsoletos´’, se lê:
‘No sistema brasileiro de controle de tráfego aéreo falta pessoal, alguns equipamentos são obsoletos e estão próximos do limite de vida útil, há áreas sem cobertura de radar e riscos acima do aceitável de acidentes em pleno vôo. Esse quadro não foi descrito por nenhuma liderança sindical dos controladores civis e militares, mas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão da própria Aeronáutica.
O retrato de um controle ´aquém do desejado` está em documento de 38 páginas escrito no ano passado e assinado pelo ex-diretor do Decea e atual chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, brigadeiro José Américo dos Santos. […]
O dossiê revela que ´indesejáveis conflitos de tráfego aéreo eventualmente ocorrem em determinadas áreas do espaço aéreo´, em virtude do aumento da demanda do tráfego e à redução da separação entre as aeronaves. Alerta ainda para ´a rápida obsolescência e limitação dos equipamentos´, além de afirmar que os órgãos de serviços de tráfego aéreo ´estão se aproximando do limite de sua capacidade operacional, em termos de equipamento e pessoal, para atender todas as necessidades demandadas´.'[…]
A Aeronáutica divulgou nota garantindo que o sistema e os equipamentos usados para o controle do espaço aéreo brasileiro ‘atendem plenamente aos quesitos de segurança e eficiência, permitindo que nosso espaço aéreo figure entre os melhores do mundo’.
E o dossiê? Este deve ‘ser avaliado dentro do contexto da política de melhoria contínua do controle do espaço aéreo’.
Vocês eu não sei, mas eu continuo na mesma.
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