O governador de Sergipe, João Alves, afirma na Folha deste domingo, em artigo contra a transposição de águas do Rio São Francisco (‘Transposição insensata’), que o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, jamais visitou a foz do rio, onde poderia ver sinais de morte semelhantes aos que Alves viu em rios que “morreram pela arrogância de
Com a palavra o ministro, que poderá desmentir o governador ou argumentar que é impossível visitar cada área de ação do governo. Argumento válido para muitas situações, mas talvez não nesse caso.
Sergipe é, com a Bahia, Alagoas e Minas Gerais, um dos estados “doadores”, que a transposição poderia prejudicar. Pernambuco fica em situação intermediária, porque seria ao mesmo tempo “doador” e “receptor”. Além disso, faz fronteira com dois estados que seriam beneficiados: Paraíba e Ceará (o outro é o Rio Grande do Norte).
O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcellos, assinou em agosto acordos com o Ministério da Integração Nacional para preservar interesses do estado. Mas, em entrevista a Carlos Alberto Sardenberg na Rádio CBN de São Paulo, em maio, disse ter tentado, sem sucesso, oferecer ao presidente Lula e ao ministro Ciro alternativas menos faraônicas do que a transposição. Jarbas previu que uma obra de quatro bilhões de reais, no Nordeste, não será concluída. Partiu da constatação de que a construção de um canal muito menos dispendioso, em Pernambuco, se arrasta há nove anos por falta de recursos federais.
O projeto de transposição do São Francisco é um dos temas de reportagens abrangentes que a mídia deve à opinião pública. Tanto mais no momento em que provavelmente começará a ser usado como peça de propaganda oficial. Será que o Nordeste fica tão distante assim? Será que alguém ignora o papel decisivo da região que tem a segunda maior população do Brasil?