Enquanto a imprensa convencional buscava frenéticamente notícias exclusivas logo após o aparecimento da fumaça branca no Vaticano, dia 19, a enciclopédia virtual Wikipédia vivia uma situação diametralmente oposta.
Cerca de 200 internautas se revezaram na construção de um verbete sobre o papa Bento XVI que em menos de 24 horas inchou para mais de 40 páginas web, num esforço coletivo não remunerado que foi considerado a mais importante experiência de informação compartilhada registrada até agora na Web.
Segundo o Dan Guillmor, um respeitado comentarista da Web, nenhum jornal ou revista de todo o planeta conseguiu reunir tantas informações em tão pouco tempo sobre uma única pessoa ou evento, desde o surgimento da Internet. As primeiras 48 horas foram críticas na elaboração do verbete papal, segundo um dos diretores do site Technorati, que monitora sete milhões de weblogs em todo mundo.
Houve vários episódios de vandalismo editorial, com internautas colocando propositalmente informações erradas, muita divergência entre os colaboradores, quase todos amadores em matéria de jornalismo e uma forte tendência à criticar o novo papa com adjetivos como “Papa Panzer”. Outros exageraram na informalidade chamando o pontífice de “Papa Ratzi” ou pela abreviação B16.
Mais de mil correções foram feitas desde que os textos começaram a ser publicados cinco minutos após o anúncio da morte de João Paulo II, que para os blogueiros virou JP2. Com isto os exageros e erros foram eliminados, chegando-se a um texto final que no dia 22 chegou a ser considerado jornalisticamente passável pelo ex-ombudsman do The New York Times, David Okrent.
Houve mais correções e edição no verbete Bento XVI do que no material gerado por internautas após a tragédia das ondas gigantes na Ásia, no final do ano passado.