Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalões americanos incorporam comunidades tipo Orkut no seu cardápio editorial

Quem diria, mas jornais tão tradicionais como o The New York Times e o The Wall Street Journal parecem decididos a transformar seus assinantes e leitores em membros de comunidades online, alterando completamente a relação entre o público e as redações.


 Journal Community


O Wall Street Journal lançou esta semana a Journal Community, por meio da qual pretende fazer com que os seus 920 mil assinantes da versão online deixem de ser meros consumidores de notícias para passar a trocar informações e a interagir entre si e com a redação.


 


O projeto tenta imitar o que já fazem as comunidades virtuais MySpace e FaceBook, que juntas tem aproximadamente 300 milhões de participantes em todo o mundo. Estas comunidades, formadas inicialmente apenas por jovens, são hoje os grandes ícones da chamada Web 2.0, onde os conteúdos também são produzidos pelos próprios usuários.


 


O The New York Times testa o projeto TimesPeople que permitirá aos seus integrantes trocar contatos, recomendações, artigos, vídeos e músicas como fazem os milhõesTimes People de jovens vinculados à comunidades virtuais como o badalado Orkut. Além disso o TimesPeople permitirá que os seus membros acompanhem as carreiras uns dos outros como já é feito em sites de contatos sociais como o Plaxo e LinkedIn.


 


Com quase quatro anos de atraso, os dois centenários jornais norte-americanos aderem agora ao novo padrão de relacionamento com o público estabelecido quando os usuários da web passaram a ser considerados também produtores de conteúdos ao comentar e classificar notícias segundo sua relevância e credibilidade, no que é hoje conhecido como Web 2.0.


 


Só que o Times e o Journal tomaram caminhos diferentes na sua investida para fidelizar leitores ao convidá-los para formar comunidades interativas. O The Wall Street Journal cobra 89 dólares anuais pelo ingresso na sua comunidade online, enquanto o The New York Times exige apenas um cadastramento grátis para participar de seu projeto, ainda em fase experimental.


 


O Journal, que acaba de fazer também uma grande reforma visual, tem atualmente cinco milhões de visitantes mensais em sua versão online, enquanto o Times teve 19,4 milhões em julho último. Já  a comunidade Facebook tem 123 milhões de visitantes únicos por mês contra 116 milhões da MySpace, do mesmo dono do The Wall Street Journal, o magnata australiano naturalizado norte-americano Rupert Murdoch.


 


No Brasil, nenhum dos três principais jornais do eixo Rio-São Paulo têm planos imediatos para criar comunidades de leitores. No Sul, o jornal Zero Hora mantém um conselho de leitores que não chega a ser uma comunidade, segundo o modelo da Web.


 


Ninguém ainda se arrisca a fazer um prognóstico sobre o futuro das comunidades do Times e do Journal. A primeira tem mais chances de êxito porque é gratuita, um fator que na Web é fundamental, diante da variedade de opções.


 

A grande incógnita reside no fato de que o grande público das comunidades online é formado por jovens e pela geração com menos de 35 anos, cuja afinidade com a imprensa convencional diminui aceleradamente. Já os grandes jornais estão cada vez mais dependentes de leitores com mais de 50 anos, cuja intimidade com o confuso ambiente dos chats e fóruns online é praticamente nula.