Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Laudo do IPT muda visão da tragédia

Divulgado ontem à noite em primeira mão no blog do colunista da Folha Fernando Rodrigues, e hoje apenas nesse jornal, o laudo parcial do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP aprovando sem restrições a pista principal de Congonhas enfraquece a hipótese de que a causa primária do desastre do Airbus da Gol teria sido o estado da pista reformada em caráter de emergência e liberada em 29 de junho sem os sulcos para o escoamento da água das chuvas.


[Assinantes do UOL podem ler a matéria de Fernando Rodrigues em http://uolpolitica.blog.uol.com.br/#2007_07-20_20_15_23-9961110-0 ]


Com base no abundante noticiário da imprensa a respeito, incluindo não poucas opiniões de especialistas no assunto, defendi essa hipótese em três artigos sobre a tragédia.


Reconheço que o laudo do IPT, com base em estudos terminados em 13 de julho, quatro dias antes da catástrofe, dá argumentos poderosos para todos quantos sustentam que ela foi um fato isolado e não a mais recente consequência do apagão aéreo de que o Brasil padece há 10 meses. Sobretudo se o laudo definitivo, a ser divulgado em agosto, corroborar a versão preliminar.


Nesse caso, os órgãos responsáveis pela gestão do sistema de aviação civil no país – o governo em última análise – não poderiam ser culpados pelo horror da terça-feira passada em Congonhas. Por inequívocas que sejam as suas culpas pelo descalabro do setor, que a mídia cobriu sistematicamente desde então.


O problema é conciliar as conclusões de um exame realizado por uma instituição qualificada e insuspeita com a experiência profissional vivida – e comunicada com todas as letras – por diversos pilotos nos dias imediatamente anteriores ao desastre. A pista estava ‘um sabão’, se queixaram. E disseram que ela devia ser interditada quando chovesse – o que a Infraero decidiu fazer somente depois do desastre.


De todo modo, uma pergunta não quer calar. Está na cabeça de inumeráveis brasileiros. Foi posta no papel pelo colunista Zuenir Ventura, no Globo de hoje:


‘Mas precisava de uma tragédia para só aí o governo pensar em corrigir tantas irregularidades?’


 P.S. Heloísa Helena e ACM


Salvo engano, a melhor manifestação sobre a morte do senador Antonio Carlos Magalhães foi da presidente do PSOL, ex-senadora Heloísa Helena. A sua reação, no Estado de hoje:


‘Não falo sobre esse assunto. Só digo uma coisa. Meus inimigos, eu escolho em vida. Depois, rezo por eles e espero que descansem em paz.’


Já diziam os romanos: ‘De mortuis nil nisi bonum‘. Dos mortos, nada a não ser coisas boas.


Nil, portanto, sobre ACM. 


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