O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio, do PMDB paranaense, podia ter arranjado uma desculpa melhor para a exclusão da sua relação de cassáveis o presidente tucano (e ex-governador de Minas), senador Eduardo Azeredo.
Serraglio foi citado pelo Estado de hoje como tendo dito que ‘o senador não está na lista dos parlamentares que fizeram saques no Banco Rural’.
E Roberto Jefferson, um dos 18 com a cabeça posta a prêmio, está na lista? Não que ele não mereça o cutelo. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
A decisão e as palavras de Serraglio deixaram no ar o que outro dia a colunista Dora Kramer chamou ‘cheiro de orégano’. Forte.
Como lembra oportunamente no Valor o jornalista Raymundo Costa, ‘a campanha de Eduardo Azeredo à reeleição, em 1998, no oficial já fora a mais cara do país. Agora, sabe-se que teve um reforço do caixa 2 de mais de R$ 11,5 milhões’.
Não vale dizer que ele só se elegeu senador em 2002. O Congresso já cassou políticos por malfeitorias cometidas antes de fazerem parte dele. E o deputado José Dirceu está entre os cassáveis pelo que teria aprontado enquanto ministrão de Lula.
Serraglio (nome que os repórteres da mídia eletrônica pronunciam com todas as letras, quando o certo é pronunciá-lo como baralho, da mesma forma que o nome do petista Chinaglia se pronuncia como batalha), Serralho, em suma, declarou que não vai poupar ninguém, ‘mas também não vamos escrachar ninguém’.
Escrachados todos eles já estão, nobre relator, pelos seus próprios atos. Só faltaria poupá-los.
P.S. E o presidente Lula, que comprou a indulgência do bispado brasileiro com a promessa de não permitir que o aborto seja legalizado no Brasil? Na matéria ‘CNBB cobra investigação, mas é contra o afastamento’, José Maria Mayrink escreve hoje no Estado: ‘Na carta aos bispos, na abertura da assembléia [da entidade], Lula lembrava a sua fidelidade aos valores do Evangelho e a fé herdade de sua mãe, para garantir aos bispos que não assinaria nada que atentasse contra o direito à vida.’