Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mainardi polariza

Pelo número e pelo teor dos comentários, não se deve subestimar o debate (às vezes não é disso que se trata, mas de xingação – dos dois lados) em torno do texto de Diogo Mainardi reproduzido em tópico anterior (Alma de dedo-duro).



O ponto crucial foi abordado hoje por Alberto Dines no programa de rádio do Observatório da Imprensa: “No caso, vale o ditado ´ruim com ela, pior, muito pior, sem ela´. Estamos esquecendo que o primeiro passo para solapar a democracia começa com a desmoralização da imprensa. O resto desaba naturalmente. O governo e o partido do governo não gostam de uma certa imprensa. As direitas não gostam de outro tipo de imprensa. Neste confronto de interesses escusos quem perde é a instituição jornalística”.


Diogo Mainardi se igualou ao governo e ao PT na tentativa de desqualificar a imprensa.


Mas existe algo que ainda não conseguimos, todos, perceber claramente. São indícios. Por exemplo, a exasperação dos comentários, a violência verbal. Seria um subproduto da crise do “mensalão”? Se vamos por esse caminho, a democracia recua, não avança.


Ao mesmo tempo, é importante ver a realidade sem véus. E tirar as devidas conclusões, embora cento e tantos comentários não sejam estritamente representativos da mentalidade de milhares de leitores. Mas são sinais.


Resumo em seguida respostas a diferentes comentários.


Em nenhum momento se disse que Mainardi não tem talento. Vou repetir a crítica: falta de independência intelectual e funcional. Ou, talvez, falta de independência moral (sempre em relação à Veja).


Delação: usou o mesmo estilo empregado durante a ditadura. Delação é sempre delação.


Mainardi não conhece o assunto que abordou. Pegou pela rama, fantasiou. Desde sábado abrimos espaço para respostas dos atingidos. Com uma ressalva: se achassem necessário responder. Até agora, ninguém achou. Para não alimentar uma polêmica secundária, personalizada, imagino. Eu poderia responder sobre a independência política e profissional dos que conheço pessoalmente, quase todos. Poderia mostrar erros bobos de Mainardi. Mas não quis entrar no território da fofoca.


Ao escrever o tópico, aceitei conscientemente outro jogo do colunista: reconhecer-lhe importância. Aceitei em respeito à Veja, gostemos ou não de sua linha atual. Em respeito ao que Mainardi já escreveu de interessante, ou relevante. Mas principalmente porque não se pode ficar omisso diante desse tipo de prática. Os jornalistas trabalham na maior parte dos casos em empresas privadas, mas têm responsabilidades sociais. Mesmo que não adotem uma atitude “pedagógica”. Quando alguém ultrapassa certos limites, não se pode fingir que não se viu. A questão não é pessoal, é política.


Aproveito para esclarecer que comentários desacompanhados do nome e do sobrenome do autor não são publicados.