Madri, Espanha. Como o último post dizia, pelo menos na Espanha, os jornais dedicam-se a publicar mais sobre a América Latina do que os jornais brasileiros. Ontem, 02 de maio, o El País concluiu série especial com duas reportagens analíticas assinadas por José Manuel Calvo, que tenta explicar o que está acontecendo na América Latina, com o voto das legiões de índios e miseráveis elegendo presidentes continente afora. A Folha de S.Paulo tem o direito de republicação do jornal de São Paulo, mas ignorou o excelente material
A série espanhola olhou principalmente para a volta do populismo na América Latina e aponta o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, como motorneiro do antigo trem que volta a circular. O presidente do Brasil não é foguista nem passageiro do trem do fanfarrão Chávez. Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, e o do Uruguai, Tabaré Vázquez, estão na poltrona da esquerda moderada.
Para desgosto de colunistas e parte da grande imprensa brasileira, Lula, no exterior, é a antítese de Chávez. A política externa também não é o zero à esquerda que se tenta martelar até que vire verdade absoluta. A chefe do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, e seu chefe, George W. Bush, telefonam para Lula quando querem saber o que realmente está acontecendo nesse pedaço do mundo subdesenvolvido. Não é simpatia, é credibilidade. Ou então Bush é um desvairado e cercado por assessores mal-informados que permitem que ele não siga o que diz a imprensa e ouça o que o Brasil tem a dizer. Também é muito improvável que Bush telefone para choramingar que o Brasil não entrou na Alca.
Na entrevista que deu à revista Veja meses atrás, Bush acusou que ‘parte da imprensa da América do Sul’ tentou envenenar as relações entre o Brasil e os EUA. O jornalista não se interessou em saber qual imprensa seria esta.
Não é apenas Bush que pede ajuda à ‘fracassada’ diplomacia do Brasil. A imprensa espanhola registrou hoje que o ministro das Relações Exteriores do país, Miguel Angel Moratinos, ligou para seu colega no Brasil, Celso Amorim, para que a Espanha e o Brasil apresentem posições conjuntas nas negociações com o governo de Evo Morales, diante da nacionalização dos recursos energéticos da Bolívia.
Será outro mal informado?