Leitores defendem a truculência policial como único caminho para enfrentar a criminalidade. (Outros não cometem esse equívoco. Vide comentário de Rogério Ferraz Alencar ao programa 270, de 17/5).
A polícia é paga para combater o crime com eficácia. É mal paga e não faz direito seu trabalho. Isso para não falar de conivências e cumplicidades de variada natureza.
É preciso pôr na cabeça o seguinte: no Brasil, o aparelho policial tem segmentos que são elos do crime organizado. Os outros policiais sabem, mas também ficam sob ameaça. É uma situação muito complexa.
O principal é que as estruturas são burocráticas, corporativistas, pouco competentes. E sair matando a torto e a direito não resolve, só complica.
Vou repetir, para ficar bem claro meu pensamento: a matança promovida por policiais, sem critério, para mostrar ‘firmeza’ (no fundo uma monumental insegurança), vai piorar as coisas. Não adianta se iludir. Quem parou o terrorismo foi o crime organizado, depois de uma negociação. O Estado vencerá a partir do momento que se organizar, isolar os parceiros do crime, conquistar o apoio da população, focar suas ações. Para isso será necessário afetar privilégios, silêncios mafiosos, tomar providências antipáticas, preocupar-se um pouco menos com a campanha eleitoral e um pouco mais com a prestação de um serviço público decente. Vale para todos os candidatos.