A república asiática de Mianmar, antiga Birmânia, tornou-se o mais recente caso de utilização política das novas tecnologias por parte de cidadãos comuns contra governos acusados de autoritarismo.
A onda de protestos contra os governantes militares de Mianmar começou há mais ou menos dois meses, mas só ganhou notoriedade mundial depois que as imagens de manifestações organizadas por monges budistas chegaram ao Ocidente.
As fotografias e vídeos foram feitas usando, principalmente, câmeras digitais de telefones celulares e depois transmitidas para o exterior em ligações internacionais a cobrar, já que o governo bloqueou o uso da internet e passou a controlar militarmente todos os provedores locais de acesso à rede.
A principal fonte internacional de notícias sobre a crise na antiga Birmânia é o site Global Voices, um projeto desenvolvido pelo Centro Berkman para a Internet e a Sociedade, da escola de direito da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O site, criado há cinco anos, publica posts de weblogs produzidos em países do Terceiro Mundo.
Depois de um inicio titubeante, o Global Voices transformou-se numa vitrine da blogosfera de países pobres onde é possível obter informações que não encontram espaço na grande imprensa internacional. Hoje, o projeto tem até uma versão em português , mas ela ainda é bastante deficiente porque publica os posts com algum atraso.
A maioria das informações sobre a rebelião dos monges em Mianmar é enviada para o serviço Missima News, baseado na Índia e controlado por exilados birmaneses, que em seguida repassa as notícias, fotos e filmes para a imprensa mundial.
O envio dos torpedos obedece a uma estratégia guerrilheira porque nunca são os usados os mesmos telefones. Com isso, a censura telefônica imposta pelo governo desta ex-colônia inglesa no sudeste asiático resulta inútil.
A participação de cidadãos comuns no fornecimento de informações sobre a crise em Mianmar está servindo para o site norte-americano Citizen Media Center promover o chamado jornalismo-cidadão, cuja visibilidade aumenta em situações onde os jornalistas profissionais são controlados por governos autoritários.