Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Microblogs do Twitter conquistam espaços na cobertura de tragédias

As enchentes de Santa Catarina permitiram vislumbrar um novo nicho informativo no qual jornalistas e não-jornalistas participam em pé de igualdade na produção de notícias. O sistema Twitter, weblogs com capacidade máxima de 140 caracteres, permitiu o acompanhamento em tempo real do desenrolar das inundações em Blumenau e Itajaí, as cidades catarinenses mais atingidas pelas chuvas dos últimos 15 dias.


 


O uso do Twitter para coberturas jornalísticas já deixou de ser novidade em várias partes do mundo. Um exemplo ainda mais convincente foi a avalancha de micronotícias sobre os atentados terroristas em Mumbai, na Índia, na última semana de novembro. Internautas do mundo inteiro puderam seguir o desenrolar a crise por computador, PDA (Personal Digital Assistant) e telefone celular.


 


Usando palavras-chaves como Blumenau, Itajaí ou Enchentes Santa Catarina, foi possível acompanhar a atividade dos internautas e organizações jornalísticas na cobertura das enchentes, por meio de frases telegráficas que permitiam ter uma idéia global e diversificada do que estava acontecendo, em tempo real.


 


É uma nova modalidade de jornalismo conquistando espaços e público, especialmente em situações de emergência, quando as informações fornecidas pelo público são essenciais para preencher as lacunas geradas pelas dificuldades de locomoção dos jornalistas profissionais.


 


Para acessar o que está sendo publicado nos microblogs basta acessar a página do Twitter e ir para a seção buscas, digitando as palavras-chaves relacionadas ao tema desejado. Para adicionar informações, é necessário cadastramento (grátis) e um conhecimento mínimo das regras do sistema.


 


Os mais recentes episódios em que o Twitter foi usado como ferramenta jornalística por profissionais e amadores levaram a professora de jornalismo online Mindy McAdams a prever:


1)     As notícias de atualidade serão publicas primeiro na internet e em especial no Twitter e só depois pela televisão;


2)     As grandes tragédias serão cobertas primeiro pelos não-jornalistas;


3)     A participação dos não-jornalistas na cobertura de eventos de grande impacto continuará a mesma, depois que a grande imprensa entrar no tema;


4)     Os telefones celulares tendem a ser a mais importante ferramenta jornalística em casos de tragédias, e o Twitter a sua plataforma mais versátil;


5)     Os telefones celulares com acesso à Web serão um equipamento obrigatório para jornalistas profissionais;


6)     As fotografias tiradas com celulares por pessoas comuns serão a informação visual mais rápida em casos de tragédias;


7)     Os órgãos da imprensa devem imediatamente preparar seu pessoal e sistemas de publicação para o uso rotineiro dos celulares e do Twitter.


 


Da mesma forma que em outros sistemas baseados na participação do público, também a credibilidade do Twitter como fonte de informação é questionada por muitos jornalistas. É claro que não é recomendável confiar cegamente no que é postado, mas conforme constata Raquel Recuero, em seu blog Social Media, ganha corpo uma espécie de herança de credibilidade onde os autores de referência são os mesmos que publicam blogs respeitados.


 

A decantação das fontes pouco confiáveis aumenta a utilidade do sistema de micronotícias para as empresas jornalísticas ao mesmo tempo em que começa a alterar o enfoque tradicional na cobertura de tragédias. Até agora a mídia era a dona absoluta do noticiário, mas depois dos blogs e também do Twitter a narrativa ganhou o atrativo de incorporar testemunhas oculares e relatos sem intermediação.