Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mostrando o que está debaixo do tapete


Dá gosto ver jornalista expondo as patranhas dos poderosos com fatos que eles queriam que ficassem debaixo do tapete para onde os varreram. Hoje são dois os casos de bom atendimento ao leitor. Ambos no Estado de S.Paulo.


O primeiro:


O advogado José Roberto Batochio teve a má idéia de contestar a colunista Dora Kramer por ter ela o desancado pela farsa da falsa entrevista-bomba que atraiu para um hotel de Brasília dezenas de repórteres, durante 5 horas, enquanto o cliente do doutor, ex-ministro Antonio Palocci ficava livre do assédio da mídia para depôr à Polícia Federal [aliás, na residência oficial da qual ele deveria ter saído quando foi demitido, uma semana antes].


O assunto foi comentado aqui na nota ‘Ex-presidente da OAB faz mídia cair no conto da bomba’, de quarta-feira passada [ver abaixo].


Batochio negou que os jornalistas tenham sido chamados para a entrevista por uma empresa particular de comunicação e não pela assessoria de imprensa da OAB.


O ponto é importante porque as redações foram levadas a crer que o ex-presidente da Ordem – e não o advogado de Palocci, fato até então desconhecido – tinha algo de muito forte a declarar. Daí a boataria que tomou conta da capital.


Com uma singela informação, a colunista mostrou que também nesse ponto o doutor omitiu o essencial: a empresa referida por ele, escreveu, ‘tem entre seus clientes a Ordem dos Advogados do Brasil.


Segundo caso de serviço jornalístico bem feito:


Na acareação com o ex-militante petista Paulo de Tarso Venceslau, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, disse que Venceslau ‘mentia, delirava’ ao afirmar que ele tinha pedido à então prefeita de São José dos Campos, atual deputada Angela Guadagnin, a lista de fornecedores da Prefeitura para tentar que dessem dinheiro para o PT.


O correspondente do Estado em Sorocaba, José Maria Tomazela, foi tirar a história a limpo – nos autos do inquérito aberto pelo partido em 1997 para apurar as denúncias de Venceslau, ex-secretário de Finanças de São José dos Campos.


Folheando a papelada, o repórter topou com as seguintes passagens da arguição da também ex-prefeita:


Em algum momento ele [Okamotto] procurou você querendo saber de fornecedores da prefeitura para fins de captação de recursos para o partido?


Angela: Procurou.


E ele queria saber o quê?


Exatamente quais ele poderia procurar para ver se podiam estar ajudando, coisa assim.


Ele perguntou a relação de fornecedores da prefeitura para que ele procurasse, para ajudar financeiramente o partido, é isso?


Sim.


Ele procurou?


Sim.’


Como é mesmo aquele ditado sobre o comprimento das pernas da mentira?


***


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