A antecipação, de 2021 para 2014, do fim da queimada da cana no interior paulista é um dos temas dos grandes jornais paulistas, em dia que prefeito e governador aparecerem na capa portando máscaras anti-gás para anunciar operação contra a poluição. Cenas típicas do Dia do Meio Ambiente.
A antecipação da queimada da cana é uma medida justa e necessária. A queimada provoca poluição nas cidades do interior, e enche os hospitais de crianças e idosos no inverno. E ninguém merece colher cana. É um trabalho estafante, que leva o sujeito a morte prematura.
Mas como eliminar 165 mil empregos no campo? A expansão da cana, com a abertura de novas usinas e destilarias, vai criar novas oportunidades de trabalho. Não apenas na agroindústria, como também no campo. Mais ainda: nas fábricas de colheitadeiras.
A indústria de máquinas calcula que apenas 35% dos canaviais de São Paulo no Oeste Paulista estejam mecanizados. As usinas vão precisar preparar cerca de 3 mil novos operadores de máquinas agrícolas. É muito pouco para absorver o enorme exército de cortadores de cana, que precisam ser relocados em outras culturas.
Há outra poluição, a urbana, provocado principalmente pelos veículos. É importante o esforço do prefeito e do governador de São Paulo para inspecionar os veículos a diesel. Mas é preciso muito mais do que isto. Nesta quarta-feira, a Anfavea deve anunciar os números das vendas de carros. A imprensa já antecipou. É um novo recorde. A frota da cidade de São Paulo cresce a um ritmo assustador. O número de carros cresceu quatro vezes mais do que o da população entre 2002 e 2006, segundo levantamento da Fundação Seade.
A cada ano, a poluição mata cerca de 3.500 pessoas na cidade de São Paulo.
Muita fumaça e pouco fogo no Dia do Meio Ambiente.