Uma entrevista do correspondente da Folha em Londres, Fábio Victor, com o virologista John Oxford, esclareceu mais sobre a gripe aviária, em meia página, no domingo (5/3) do que as quatro páginas publicadas na Veja. Oxford dá um roteiro para vigiar as autoridades sanitárias. A IstoÉ, na leitura do leigo que vos escreve, caiu no sensacionalismo. Sem o menor constrangimento.
Comparemos, em relação a esse último ponto:
“Especialistas dão prazo de 18 meses para o vírus contaminar todo o planeta e estimam em 50 milhões o número de mortos”. (Subtítulo na capa da IstoÉ, edição com data de 8/3/2006.)
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“Sobre o medo da gripe aviária projeta-se uma sombra impossível de ser cancelada: um vírus de gripe que se hospedava em animais e, por meio de mutações, se tornou contagioso entre pessoas levou a uma das pandemias mais agressivas da história – a da gripe espanhola, em 1918, causada pelo vírus H1N1, que matou 50 milhões de homens e mulheres ao redor do mundo. Os mais pessimistas quanto à possibilidade de uma nova pandemia alertam para o fato de que, no início do século XX, um vírus demorava cerca de quatro meses para chegar aos cinco continentes. Atualmente, a velocidade dos meios de transporte e a quantidade de pessoas e cargas que transitam pelas fronteiras nacionais baixaram esse tempo para apenas quatro dias. Sem dúvida, trata-se de um dado incontestável. Mas é preciso levar em conta também que, se as distâncias diminuíram, os instrumentos de controle sanitário, de identificação de microorganismos perigosos e a tecnologia para a fabricação de medicamentos evoluíram de forma impressionante desde a matança promovida pela gripe espanhola”. (Reportagem de Veja, edição com data de 8/3/2006.)
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“Folha – Se houver uma pandemia, quantos podem morrer?
Oxford- Coloquemos de outra forma: não queremos que ninguém morra. Com as novas drogas, com os novos conhecimentos -que não estavam disponíveis em 1918 [gripe espanhola], 1957 [gripe asiática] ou 1968 [gripe de Hong Kong], quando ninguém sabia o que estava acontecendo- e com a atitude muito ativa da OMS, espero que o índice de mortes seja muito, muito menor do que o de quaisquer outras epidemias.
Folha – O que isso significa?
Oxford- Colocando em perspectiva, em 1918 foram 50 milhões de mortes; em 1957, provavelmente cerca de 4 milhões e em 1968, 2 milhões. O objetivo agora é reduzir este último número o máximo, máximo quanto possível. Um objetivo claro seria ter menos de 2 milhões de mortes”. (Entrevista na Folha de S. Paulo, 5/3/2006.)