Depois do magnata de mídia Rupert Murdoch, outro peso pesado do mundo dos negócios resolveu entrar de sola na crise na imprensa escrita norte-americana. Warren Buffet, o segundo homem mais rico do mundo depois de Bill Gates, disse esta semana à revista Fortune que a mídia impressa enfrenta uma séria crise e que seu futuro já não é mais apenas um problema dos jornalistas e executivos, mas de toda a sociedade.
‘A sustenação economica dos jornais está muito, mas muito próxima de um deterioro irreversível nos próximos 10 a 20 anos. Não vejo nada que seja capaz de reverter a queda na vendagem e na captação de publicidade’, afirmou Buffet na matéria de capa da Fortune (citação extraida do blog Follow the Media.
Depois dos números altamente preocupantes sobre queda de circulação e vendagem nos jornais norte-americanos (ver dados no blog Media Tidbits ) surgiram novos dados capazes de tirar o sono dos executivos da imprensa escrita. Jim Spanfeller, presidente e CEO da revista economica Forbes, disse à publicação B-to-B Online que em dois anos o site online da revista terá mais publicidade do que a edição impressa.
E para não ficar falando daquela que está deixando de ser considerada a melhor imprensa do mundo, acaba de ser divulgada uma pesquisa feita na Noruega onde as pessoas já gastam mais tempo lendo notícias na Internet (33 minutos diários) do que nos jornais (30 minutos). Há cinco anos, as notícias online consumiam apenas 18 minutos por dia dos noruegueses enquanto os jornais dominavam tranquilamente com 35 minutos.
A soma de todas estas informações mostra claramente que uma era da comunicação está chegando o fim. Não há mais dúvidas sobre o ocaso do monopólio dos jornais na informação pública. O problema é o que fazer. Não dá para enterrar a cabeça na areia a fingir que nada está acontecendo. Os jornais são importantes demais na vida da sociedade para seus destinos serem deixados apenas nas mãos de seus donos e executivos.
Muitos podem ficar felizes com a sucessão de desgraças que atinge o chamado quarto poder mas isto não ajuda em nada a resolver o problema. Os jornais são peças essenciais para a população formar opinião e assumir valores, tanto quanto a Internet, a televisão, a rádio e o cinema. O fato da imprensa perder o monopolio na produção de informações não significa que ela tornou-se dispensável ou superflua. Muito pelo contrário. As pessoas dependem muita mais da informação hoje, do que há vinte ou trinta anos.
A crise dos jornais vai mudar o seu modelo de negócios porque o atual é insustentavel. O novo projeto de jornal ainda é uma grande incógnita, mas tudo indica que na mudança de paradigma, o leitor passará a ser um protagonista essencial e ativo. Isto torna o consumidor de informações tão responsável pelo futuro da imprensa quanto os profissionais que nela trabalham.