Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Negociações comerciais

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ganhou apoio em editorial publicado ontem pelo The New York Times, que o Estado de S. Paulo traduz hoje sob o título “Países pobres: fiquem firmes”. O editorial endossa a previsão de Amorim de que as negociações em torno da abertura de mercados para produtos manufaturados e serviços não vão progredir caso a União Européia não reveja sua política de subsídios agrícolas (os Estados Unidos acabam de fazer uma proposta mais avançada, mas também praticam forte protecionismo).


Segundo o editorial, “é melhor deixar as negociações se frustrarem e mandar os poderosos para casa sem nada nas mãos do que se deixar enganar novamente pelas hipócritas tolices européias sobre o livre mercado quando, na verdade, seus países, liderados pela França, acreditam em livre mercado apenas quando serve a seus limitados interesses”.


(Por um cochilo, a cifra do total de subsídios dados aos agricultores pelos países ricos, foi reduzida de “aproximadamente US$ 1 bilhão por dia” para “aproximadamente US$ 1 bilhão”. Na Folha, que dá os principais trechos do editorial, o dado saiu corretamente.)


Está programada para hoje reunião do ministro Amorim com o comissão de Comércio da União Européia, Peter Mandelson.


Com muita freqüência, aspectos mais espetaculosos da política externa ganham destaque no noticiário em detrimento de temas estratégicos difíceis de traduzir e incapazes de gerar grandes manchetes. O Brasil permaneceu muito tempo fechado e ainda é difícil para jornalistas e seus públicos entender quais são os desafios da inserção na economia globalizada.


A política comercial brasileira, que não é ponto pacífico nem dentro do governo, precisa ser iluminada e ventilada pela mídia.