A lua de mel da imprensa norte-americana com o candidato democrata a Casa Branca, Barack Obama, acabou e a guerra suja começou com a capa da edição de julho da revista New Yorker.
A charge da capa mostra Obama vestido de Bin Laden e sua mulher Michelle usando um traje guerrilheiro no salão oval da Casa Branca, diante de uma lareira onde uma bandeira norte-americana esta sendo queimada. Para completar, na parede há um quadro com uma figura que parece Osama Bin Laden.
A identificação da charge produzida pelo ilustrador Barry Blitt é ainda mais explícita: A Política do Medo (The Fear Politics) e vem na linha de uma série de movimentos na mídia norte-americana na questão tendo em vista o quadro político eleitoral das eleições presidenciais de novembro.
Tradicionalmente a imprensa dos Estados Unidos assume candidaturas, mas este ano a coisa está mais complicada, por conta da presença de Obama, um político que alguns jornais como os liberais The New York Times e Washington Post terão alguma dificuldade para digerir. O Times apoiou Hillary Clinton as primarias democratas, mas depois ficou em cima do muro, pelo menos até agora.
Por outro lado, os conservadores na imprensa norte-americana estão começando a trocar as luvas de pelica pelas de boxe no tratamento dado ao candidato democrata à sucessão de George W. Bush. Os principais comentaristas políticos da rede Fox de televisão começaram a endurecer o vocabulário contra Obama, mas até agora ninguém havia chegado tão longe quanto a The New Yorker.
David Remmick , editor da revista, procurou desvincular a mensagem da capa dos três textos da matéria principal numa entrevista ao site The Huffington Post, na qual as perguntas carregavam um forte criticismo à revista e ao desenho.
As capas das principais revistas norte-americanas são um capítulo a parte na guerra política que está começando e que não será nada cordial, a julgar pelos primeiros rounds. Enquanto Newsweek e Rolling Stone mostram o candidato democrata como um bom moço, do outro lado, a conservadora The National Review pegou no fígado de Barack ao investir contra sua imagem de organizador de associações de bairro e líder comunitário.
Barack Obama ainda é uma grande incógnita política, mas a mídia norte-americana já está cavando trincheiras de um lado e do outro. E pelo jeito, vai ser uma briga de foice no escuro.