“Os cientistas chamaram a atenção para problemas urgentes e complexos ligados à própria sobrevivência do homem: um planeta em processo de aquecimento, ameaças à camada de ozônio da Terra, desertos que devoram terras de cultivo’’.
“Nenhum país pode desenvolver-se isoladamente. Por isso a busca do desenvolvimento sustentável requer um novo rumo para as relações internacionais. O crescimento sustentável a longo prazo exigirá mudanças abrangentes para criar fluxos de comércio, capital e tecnologia mais eqüitativos e mais adequados aos imperativos do meio ambiente’’.
Trechos que li ao acaso de um livro empoeirado que peguei na estante de casa. Está tudo lá: avanço dos desertos, erosão, poluição dos rios e dos mares, aquecimento global, desmatamento, fome. Exatamente o que alertaram os cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas) semanas atrás e que provocou uma avalanche de matérias, entrevistas, análises e artigos em toda a imprensa.
Só que o livro “Nosso Futuro Comum’’ foi publicado há 20 anos, em abril de 1987, e na época foi recebido com ceticismo pelos governos e pela imprensa. Só conseguiu preocupar mesmo os ecologistas de carteirinha e os cientistas. Ou seja, há 20 anos o mundo descobriu que o seu modelo de produção estava destruindo o Planeta. E ninguém fez nada. Como a imprensa também deverá esquecer o relatório do IPCC.
Conhecido como Relatório Bruntland para a ONU, “Nosso Futuro Comum” foi o embrião para a Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, a maior reunião de chefes de Estado da História, que também não deu muitos resultados. O conceito de “desenvolvimento sustentável” foi lançado pelo Relatório Brundtland, documento elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas. Ela foi presidida por Gro Brundtland, então primeira-ministra da Noruega.
Ressaca
Depois da overdose de etanol da semana passada, o final de semana foi de ressaca. À exceção do Estadão, que deu a sua terceira manchete dominical consecutiva para a agroenergia, a maioria da imprensa preferiu a abstinência.