Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

NYT chama leitores para tomar decisões sobre cobrança de acesso à notícias online

O  The New York Times está chamando os seus leitores para um diálogo sobre o futuro da publicação, onde um dos temas mais espinhosos é a cobrança ou não de acesso à página web do jornal que os norte-americanos chamam carinhosamente de Gray Lady (Dama Grisalha).


 


O Insight Lab do Times é a primeira experiência promovida por um grandeInsight Lab  - Home Page jornal para envolver seus leitores na visando incluir os seus leitores, da versão em papel e na Web, na definição de estratégias futuras tanto para a parte editorial como na área comercial.


 


A iniciativa vai no sentido oposto da decisão do grupo News Corporation, a mega corporação midiática chefiada pelo milionário australiano Rupert Murdoch, que anunciou para breve a introdução da cobrança em todos os sites jornalísticos online controlados pelo conglomerado. 


 


A busca de um modelo de sustentabilidade financeira para páginas jornalísticas na Web é considerada o dilema crítico de todos os grandes grupos da indústria de jornais do mundo inteiro, pois há um consenso entre os especialistas de que a sobrevivência dos impérios midiáticos depende de um novo modelo de negócios para este segmento corporativo.


 


O Insight Lab passou a admitir também leitores estrangeiros depois de um protesto veiculado pelo site de microblogs Twitter. Agora o aceso é livre, depois do preenchimento de uma ficha cadastral. Há uma área onde o jornal fará sondagens entre os leitores cadastrados e outra onde eles podem participar de fóruns online, que por sua vez estão divididos em duas áreas: temas gerais e questões técnicas e dificuldades de acesso.


 


Na seção Free for All (de temas gerais) o assunto que atrai maior participação de leitores é o da cobrança de acesso por material jornalístico online. Surpreendentemente as opiniões estão divididas entre os que aceitam pagar e os que defendem o acesso livre. O interessante são os argumentos usados pelos participantes do debate.


 


Os que aceitam pagar alegam que com isto podem cobrar qualidade porque, segundo eles, os jornais já não poderão mais ignorar as reclamações de leitores por conta da existência de numerosas alternativas em matéria de notícias. A maioria esmagadora acha que pagar até 50 dólares (mais ou menos 100 reais) por ano não lhes vai causar problemas financeiros.


 


Já os que propõem a continuidade do acesso grátis afirmam que a cobrança tende a se generalizar em todos os sites e com isto o gasto com informação subirá reproduzindo o modelo atual onde só uma camada reduzida da população tem acesso à todos os tipos de informação.


 


Não se trata apenas do valor pago pelo consumidor final, o leitor de jornal, mas também das somas a serem desembolsadas pelos diferentes canais da cadeia informativa. Por isto é que o pessoal da gratuidade afirma que a cobrança pode acabar sendo um tiro no pé, pois sempre haverá os que copiam material de jornais para distribuí-los grátis entre amigos por meio de blogs e correio eletrônico.


 


Quem mais sofrerá com a cobrança de acesso serão sites jornalísticos como o Google News, Topix,Topix Home Page Huffington Post e os agregadores de noticias em geral, como o RSS e o Google Reader. Estes programas capturam informação na Web e a entregam a seus usuários, sem cobrar nada.


 


O interessante no debate, tanto no Insight Lab do NYT, como em outros fóruns onde o tema da cobrança de acesso  está sendo debatido é a diferença radical de argumentos usados pelos leitores e os manipulados pelas indústrias jornalísticas.


 

Foram raríssimos os leitores que justificaram a cobrança com base em direitos autorais enquanto esta é a tecla batida por todas as corporações midiáticas. Os leitores entendem a necessidade das empresas terem receita para garantir a qualidade da noticia, mas os conglomerados insistem na manutenção da informação como um produto protegido e exclusivo.