‘É preciso dizer não’, exortou o papa, ‘àqueles meios de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a virgindade antes do casamento’.
Onde se lê ‘ridicularizam’ leia-se ‘não fazem apologia’ de uma coisa ou outra. Culpar a mídia pelas mudanças em costumes que dizem respeito à intimidade das pessoas e às suas pulsões é típico da atitude totalitária, que gostaria de subordinar toda e qualquer dimensão da conduta humana às crenças – religiosas ou políticas – dos que têm horror à diversidade e ao direito de cada qual construir livremente o próprio destino.
Há muitas razões para dizer não aos vícios e deformações dos meios de comunicação social. Mas nelas não se incluem as que o papa deu de mencionar. Já o carnaval da mídia brasileira diante de cada ato ou palavra do visitante, embora previsível, beira o insuportável.
P.S. Por falar em mídia, o papa deu o dito pelo não dito no trecho da entrevista à imprensa, a bordo do avião que o trazia ao Brasil, em que disse achar fundamentada a eventual excomunhão dos políticos católicos mexicanos que votaram a favor da liberação do aborto na capital do país. Com a maior sem-cerimônia, essa resposta do papa foi expurgada da versão oficial da entrevista, divulgada ontem pelo Vaticano, sob a alegação de que se tratava de mera resposta a uma pergunta jornalística…
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