Está dando o maior auê a entrevista do jornalista e professor licenciado da USP Bernardo Kucinski, assessor especial da secretaria de Comunicação do governo Lula, concedida em dezembro ao site Repórter Social.
A íntegra pode ser lida também no Observatório da Imprensa: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=363IMQ003
A Folha de hoje lhe dedicou quase uma coluna inteira, sob o título “Para assessor, Lula tornou imprensa desnecessária” – a mesma afirmação destacada pelo Observatório.
E, no Globo também de hoje, o colunista Ilimar Franco, sob o título irônico “O soldado do passo certo”, numa alusão a auto-elogio do professor, seleciona as 11 passagens a seu ver mais relevantes do pingue-pongue.
Ou, é o caso de dizer, as 10 rajadas da metralhadora giratória de Kucinski acompanhadas da avaliação do seu próprio trabalho: “Ninguém tem coragem para dizer a verdade para o presidente claramente e eu digo todos os dias de manhã. Eu não estou lá para puxar o saco, elogiar. Eu também não estou lá para infernizar”.
O assunto obviamente rende uma pá de comentários, mas eu queria me fixar, em poucas palavras, num único tópico da entrevista.
Perguntado sobre a relação da imprensa com o presidente, Kucisnki respondeu:
“Sempre foi muito ruim. Ele sempre foi muito maltratado pela imprensa, tirando alguns períodos – como em certo momento da greve de 1978. Fora alguns períodos, ele sempre foi muito desrespeitado. Os jornalistas não aceitam um líder político que não tenha diploma.”
A entrevistadora Alice Sosnowki insiste: “Os jornalistas ou os donos dos jornais?”
Principal trecho da resposta:
“Os jornalistas, não os donos. Os jornalistas não têm respeito com a pessoa do Lula. Há sempre há um pressuposto de que ele vai falar besteira, vai errar, de que ele não conhece as coisas, usando como parâmetro um conceito de saber que é acadêmico. O Lula sempre foi tratado com discriminação e desrespeito […].”
Ninguém é mais culpado por isso do que o próprio Lula.
Foi o que ouvi anos atrás do jornalista que sem dúvida conhece mais de perto o atual presidente, numa conversa informal – razão por que não é o caso de identificá-lo.
Lula ía ser entrevistado naquela noite no Roda Viva da TV Cultura e eu era um dos entrevistadores. Antes do programa, comentei com esse colega, que o acompanhava, que eu achava inaceitável a forma como quase todos os repórteres costumavam se dirigir a Lula, até em situações públicas, tratando-o por você, em vez de senhor – como faziam com os demais políticos e autoridades, muitas vezes mesmo em conversas privadas. [Escrevi pelo menos um artigo sobre isso no Observatório.]
Sabem o que me respondeu textualmente o colega? “Pois é. Mas é por causa do Lula. Assim que conhece um repórter, já vai batendo na barriga dele e convidando para tomar uma caçhaça no boteco da esquina.”
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