Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O futuro do jornalismo e a reforma dos currículos universitários


A reforma do ensino do jornalismo e o futuro da profissão estão muito mais interligados do que parece. Sem mudanças nos cursos de graduação aumentará a brecha entre o que mercado pede e a oferta de mão de obra. Quem trabalha com jornalismo online ficará ainda mais distanciado dos seus colegas de jornais, revistas, radio e TV, o que é um suicídio profissional para os dois lados, quando se sabe que caminhamos para a convergência de meios de comunicação.


As mudanças não podem ficar apenas na questão da qualificação técnica. Ela é essencial, mas há também todo um enfoque novo na abordagem da notícia e no relacionamento com o público que deve ser incluido na formação dos novos profissionais da era digital. O jornalismo e a comunicação tornaram-se importantes demais para ficarem limitados às redações e às salas de aula. As pessoas comuns estão assumindo o papel de comunicadores e informadores através dos weblogs, o que é um avanço enorme e um grande risco ao mesmo tempo.


Um avanço porque estamos abandonando o monopólio da informação pela mídia convencional para entrar na era da troca entre veículos de comunicação e seu público. Isto muda radicalmente a postura dos jornalistas em relação ao seus leitores, ouvintes e telespectadores. Os profissionais terão que aprender a ouvir o seu público, mais do que dizer o que ele deve pensar. Não se trata de vestir as sandálias da humildade, mas reconhecer que na era digital é impossível saber tudo.


É também um grande risco, porque as pessoas comuns não estão acostumadas a tratar com a informação. A fofoca no cabelereiro ou a conversa de botequim deixaram de ser inofensivos. Com a avassaladora velocidade de circulação das notícias através da web, não é dificil imaginar o que pode acontecer com uma informação errada, incompleta ou descontextualizada. As pessoas comuns devem aprender a como lidar com a informação e ninguém melhor do que o jornalista profissional para assessorá-las neste problema. Mas a cultura predominante na imprensa brasileira ainda é a do trato preferencial com as fontes e com o poder.


Nós temos muita coisa para trocar nesta busca da reforma do ensino do jornalismo, que sairá de um esforço coletivo. O bom é que a quantidade de comentários feitos nos dois postings anteriores mostrou que não falta vontade de discutir. Teremos que criar um foro mais amplo na Web para continuar o debate, mas por enquanto este blog está a disposição de todos.


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