Diante de um fato histórico – a espetacular vitória do Hamas nas eleições parlamentares palestinas, contrariando até as previsões de boca de urna –, os principais diários brasileiros não deram vexame.
Principalmente a Folha, com as suas 12 matérias e pertences, em três densas páginas.
O seu ponto alto foi a reveladora entrevista exclusiva do enviado especial Marcelo Ninio com Mahmoud al Zahar, co-fundador do Hamas e tido como o seu principal dirigente não exilado.
Quem puder, deveria ler também, no Estado, os artigos ‘Olmert, entre uma opção ruim e outra pior’, de Aluf Nenn, transcrito do jornal israelense Haaretz, e ‘Vitória democrática – e preocupante’, do seu veterano correspondente em Paris, Gilles Lapouge.
No Globo, que surpreendentemente deu mais aos seus eleitores do que o Estadão, famoso no passado por seu noticiário internacional, vale a pena ler a entrevista por telefone da correspondente do jornal em Berlim, Graça Magalhães Ruether, com o presidente do derrotado partido Fatah na Faixa de Gaza, Abdallah Frangi, “O Hamas deverá ficar mais moderado”.
Boa leitura também é um original texto de suporte sobre as organizações terroristas que trocaram as armas pela política, como a OLP na Palestina e o IRA na Irlanda do Norte, a que joga nos dois campos, o Hezbollah libanês, e a que não quis ou não soube desmontar do rabo do foguete, o ETA espanhol.
Essa é uma dica boa para o leitor brasileiro que estiver interessado em saber o que será do Hamas dos atentados suicidas ao assumir responsabilidades de governo – a grande questão deixada pelo que já vem sendo chamado “terremoto palestino”.
***
Serão desconsideradas as mensagens ofensivas, anônimas e aquelas cujos autores não possam ser contatados por terem fornecido e-mails falsos.