A possibilidade de plebiscitos e referendos mais frequentes, depois da vitória do NÃO na consulta sobre comércio de armas, abre uma perspectiva inteiramente nova na política brasileira e coloca em evidência uma série de dilemas, dentre os quais se destaca o do uso da informação por editores de weblogs. As páginas pessoais autônomas na Web tiveram um protagonismo marcante na discussão prévia ao referendo do dia 23 de outubro e se a idéia da democracia direta prosperar, o que é possível diante do descrédito crescente na classe política brasileira, estaremos diante de uma situação potencialmente caótica. As pessoas comuns não estão acostumadas e nem foram educadas para trabalhar com a informação porque esta tarefa era, até agora, delegada aos jornalistas. Mas com a crise na imprensa e o surgimento dos blogs, todo mundo passou a ter o poder de publicar seu jornal online, através dos weblogs. A campanha do referendo mostrou a enorme intensidade e diversidade de opiniões na chamada blogosfera, constrastando com a apatia dos debates na imprensa e nos partidos. Mas mostrou também a enorme capacidade de ‘torcer’ informações por conta da dificuldade em conferir a credibilidade e contextualizar os dados usados nos comentários e textos postados em weblogs. É impossivel voltar atrás e acabar com os weblogs na tentativa de restaurar o controle e o monopólio da informação pela grande imprensa. Seria o mesmo que procurar frear o desenvolvimento tecnológico. A única alternativa é iniciar já um debate sério e amplo em todos os níveis da sociedade sobre como usar a informação em beneficio de todos. Quando as pessoas conquistam o direito de publicar suas opiniões, ganham um poder enorme e também uma responsabilidade inédita, que muitos ainda ignoram. O que se impõe agora é criar na blogosfera um novo consenso sobre o uso da informação, projeto no qual os jornalistas profissionais tem muito a dizer. Aos nossos leitores: Serão desconsiderados os comentários ofensivos, anônimos e os que contiverem endereços eletrônicos falsos.