Salvo engano, nenhum comentarista político da grande imprensa destacou devidamente o que mais parece incomodar setores do PSDB no caso do apoio do casal Garotinho a Geraldo Alckmin.
O que se diz no ninho tucano é que o problema não é a adesão da dupla acusada de envolvimento até a alma em práticas de corrupção ao presidenciável do ‘Brasil decente’ – é a imagem em que os três aparecem risonhos e francos, amplamente divulgada anteontem e ontem.
Apenas a colunista Dora Kramer, às folhas tantas de seu artigo do dia, lembrou que ‘a primeira foto de apoio no segundo turno, convenhamos, não poderia carregar o estigma [de Alckmin aparecer ao lado de ‘um símbolo de transgressão, seja justa ou injusta a pecha’].
Mas o candidato parece ter aprendido logo a lição. Do Estado de hoje:
‘Evitando repetir a polêmica da véspera, Alckmin recebeu ontem apoio do governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol (PPS). Mas diferentemente do que fizera com o casal Garotinho, o encontro com casal Garotinho, o encontro com Cassol foi às escondidas. (…) O governador é acusado de envolvimento em irregularidades em Rondônia. Seu candidato a vice, Carlos Magno, foi obrigado a renunciar por suposta participação em esquema de corrupção.’
De todo modo, se outros motivos não houvesse – Jader, Newtão, Suassuna –, o PT terá uma dificuldade extra em jogar a primeira pedra no desafiante de Lula. Afinal, em 1998, por determinação de Lula e José Dirceu, o partido rifou na marra a candidatura própria ao governo do Rio (o diretório fluminense havia escolhido Vladimir Palmeira) para compor chapa com Garotinho, tendo na vice a companheira Benedita da Silva.
‘Falar em ética ao lado de Garotinho é complicado’, estocou o deputado verde Fernando Gabeira, campeão de votos no Rio. Fazer o quê? Volto à citação de Geraldo Vandré, no texto de ontem: todos iguais, braços dados ou não.
P.S.
Impressionate o tom de pega-pra-capar da cobertura do Estadão sobre o choque do Legacy com o 737 da Gol. O jornal decretou que os pilotos do jatinho são os únicos culpados pela tragédia. O fato de a Aeronáutica dizer que ‘é cedo’ para saber a verdade parece não ter a menor importância. Compare-se o noticiário persecutório do Estado com o da Folha, que trata de perguntar antes de atirar e de ouvir antes de falar.
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