Com o dinheiro na carteira, vá à melhor banca de jornais da vizinhança. E compre um exemplar da edição inaugural da mais nova revista mensal brasileira de leitura, reportagem e cultura. Chama-se piauí [assim, em minúsculas].
piauí está para a imprensa brasileira como o Rubaiayat de São Paulo para o churrasco.
É tão suculenta como a Picanha Summus, nau capitânea do estrelado restaurante.
Com pelo menos três vantagens:
Custa nove vezes menos do que aquelas 360 esplêndidas gramas de carne com cogolhos de tudela e batatas ao murro (R$66 mais 10% de serviço).
Aplaca por um mês inteiro a fome de jornalismo – e de texto, e de texto – de primeira classe. Fazia uma eternidade que isso não acontecia no idioma da gente.
Aos céticos, recomendo a leitura de apenas uma de suas 50 páginas editoriais, como espécie de degustação. A de número 11, que abre a seção esquina – a versão piauiense do Talk of the Town da venerada New Yorker, em que o mensário se inspira.
Lá está, na infelizmente não assinada matéria ‘Um horror, grande e mudo, um silêncio profundo’:
‘Roberto Jefferson não fala – perora. Desde cedo, aprendeu a salpicar drama nas suas falas. Nas CPIs, não improvisava. ‘Na véspera, à noite, eu fazia prelibações…’. Sopesava imagens, sentia o gosto das metáforas. Recordava os parnasianos.‘
E tem ainda a instrutiva história da visita do então presidente do PTB à casa de César Maia, que acabara de se eleger prefeito do Rio. Tira-gosto: ‘Sequer nos ofereceu uma água.’ O resto seria maldade antecipar.
A terceira vantagem, enfim, é que você ainda leva R$0,10 de troco do jornaleiro.
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