Ponto para a Folha por revelar hoje que o tesoureiro da campanha de Lula em 2002, o sindicalista Paulo Okamotto, atual presidente do Sebrae, teria pago a mal explicada dívida de R$ 29.436,26 do presidente com o partido.
Ou melhor, a dívida de um certo “L.I.L. Silva”, como consta da papelada remetida pelo PT à Justiça Eleitoral com a prestação de suas contas do ano de 2003. Okamotto era o seu procurador legal.
O “teria pago” vai por conta de que não há prova disso; o que há são as palavras dele ao jornal e a identificação do nome do suposto pagador pelo secretário-geral petista Ricardo Berzoini e o tesoureiro José Pimentel, conforme noticiam os repórteres Marta Salomon e Rubens Valente.
Essa história implora por um esclarecimento cabal. Como diz a matéria exclusiva, “a versão contradiz a planilha encaminhada pelo Banco do Brasil [à CPI dos Correios], que indica nominalmente Lula como o responsável pelos pagamentos ao partido”.
Além disso, até agora o loquaz presidente da República parece não ter palavras para explicar o duplo enigma da origem e da quitação do débito. O Planalto vinha e continua dizendo não saber do que se trata uma coisa e outra.
Na CPI, a oposição sugeriu que a dívida pode ter sido paga com dinheiro valeriano. Perguntado sobre isso, o ex-tesoureiro Delúbio Soares calou. “Não vou me pronunciar sobre esse assunto”, limitou-se a balbuciar.
A hipótese ficará em pé até que Okamotto-san comprove de papel passado o pagamento que assume. À Folha, disse: “Eu providenciei os recursos para o partido pagar. Eu dei o dinheiro, como eu contribuo com o partido com um dízimo. Não fui ao banco. Simplesmente providenciei os recursos.”
Ele disse também que nunca falou do assunto com o presidente. “Não ia ficar enchendo o saco dele com uma coisa como essa”, explicou.
Sem a mais remota intenção de encher o saco de quem quer que seja, peço licença para lembrar que toda essa escandalaria que dizimou a imagem do PT, deixou o governo mal na foto e não se sabe onde vai parar, começou com o flagra de um embolso de R$ 3 mil por um funcionário dos Correios. O desembolso de uma soma quase 10 vezes maior precisa ficar em pratos imaculadamente limpos.
É para ontem, Okamotto-san. É para ontem, senhor presidente.