O núcleo da matéria da Folha de ontem [ver ‘O caso é grave; a matéria também‘] sobre a alegada montagem do dossiê do governo contra o ex-presidente Fernando Henrique e sua mulher está na seguinte passagem:
‘Na primeira semana após o Carnaval, segundo a Folha apurou, Erenice [Alves Guerra, secretária-executiva da Casa Civil] marcou reunião no Planalto com membros da Secretaria de Administração, da Secretaria de Controle Interno da Presidência e de outras áreas da Casa Civil. Solicitou que fossem cedido funcionários de cada área para que se criasse uma força-tarefa encarregada de desarquivar documentos referentes aos gastos do governo anterior…’.
Hoje, em letra miúda, para variar, o jornal dá a íntegra da nota da Casa Civil negando o dossiê. Diz o último item do documento:
‘Quando à suposta reunião, que segundo a Folha, teria sido convocada pelo secretária-executiva com membros da Secretaria de Administração, da Secretaria de Controle Interno da Presidência e de outras áreas da Casa Civil, para organizar uma força-tarefa para produzir o chamado dossiê, a Casa Civil afirma peremptoriamente que tal reunião nunca ocorreu.’
Pois bem. Em nenhuma das suas oito matérias de hoje sobre o assunto, o jornal tranqüiliza o o leitor, publicando a réplica indispensável nas circunstâncias a um jornal sério. No mínimo, ‘a Folha sustenta a sua informação’, na fórmula consagrada pela imprensa americana.
A reiteração não provaria necessariamente que o jornal tenha contado a verdade. Mas o silêncio diante do desmentido peremptório deixa sob suspeita a credibilidade da reportagem.