Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

OhmyNews quer reinventar o jornalismo cidadão para enfrentar dilemas financeiros


O jornal online sul coreano OhmyNews considerado a mais revolucionária experiência de jornalismo participativo em todo mundo, decidiu embarcar num ambicioso projeto de renovação para compensar a perda de lucratividade nos últimos cinco meses.


O jornal completou sete anos de existência em fevereiro deste ano mostrando uma extraordinária sobrevida diante do ceticismo generalizado da mídia mundial sobre a incorporação de leitores na produção de notícias.


Desde o início do ano, a luz vermelha está acesa no painel financeiro do jornal criado pelo jornalista sul coreano Oh Yeon-ho no ano 2000. O fato não chegou a causar pânico na redação porque o OhmyNews viveu os seus primeiros quatro anos no prejuízo e só começou a dar lucro no final de 2004 quando sua receita publicitária bruta chegou à casa do meio milhão de dólares mensais com um lucro líquido de US$ 27.000,00.


Nada mau para um projeto que nasceu marcado pelo espírito de inovação e que se tornou o primeiro a conquistar visibilidade mundial pelos seus resultados iniciais no esforço para promover uma nova forma de praticar o jornalismo.


Logo depois do seu lançamento, o OhmyNews tinha pouco mais de 700 ‘jornalistas cidadãos’ voluntários. Hoje já são mais de 50 mil e o objetivo da ‘reinvenção’ é chegar aos 100 mil, conforme anunciou o seu fundador.


O jornal tem surpreendentes 800 mil visitantes únicos e dois milhões de acesso por dia. Conseguiu montar uma rede de 100 colaboradores em todo mundo, inclusive no Brasil, onde seu repórter Antonio Carlos Rix acaba de publicar uma matéria sobre a venda de usinas para produção de álcool a vários paises europeus como Noruega e França.


Em 2005, o OhmyNews conseguiu um financiamento de 11 milhões de dólares do Softbank, do Japão, para fazer um upgrade na infraestrutura de computadores e lançar-se à aventura de um jornal em vídeo pelo internet. A versão textual continuou ganhando leitores, mas a experiência em vídeo ficou abaixo do esperado.


A volta ao vermelho não chega a ser dramática para um jornal que já está acostumado a trabalhar deficitariamente. O problema é o contexto informativo. Quando o OhmyNews surgiu os blogs ainda eram uma mania restrita a programadores fanáticos e a participação dos leitores na produção de notícias não passavam de um sonho.


Hoje tudo isto virou realidade e o jornal enfrenta desafios que não se limitam ao terreno financeiro. Até agora ele era uma espécie de modelo, referência invejada e imitada. Mas em todo mundo surgiram dezenas de experiências similares usando o mesmo principio da participação de leitores, que hoje não é mais novidade alguma.


A conseqüência é que o OhmyNews perdeu boa parte do seu glamour apesar de ainda ser considerado uma espécie de Meca do jornalismo cidadão na internet. Ho Yeon-ho não divulgou detalhes sobre o seu projeto de reinvenção do jornal mas tudo indica que ele será  fortemente influenciado pelo chamada  Web 2.0 ou Web Social, onde a lucratividade de um site está baseada na participação do usuário.


Os altos e baixos são mais uma evidência de que os novos empreendedores virtuais, especialmente os da área da informação jornalística terão que aprender a conviver com o caráter mutável ou fluido da Web. Nada é definitivo num ambiente marcado pela permanente quebra de paradigmas.