Queimou a língua o presidenciável Geraldo Alckmin ao reagir, ontem cedo no Rio, à mais recente pesquisa Sensus/CNT mostrando que a vantagem de Lula sobre ele aumentou 11,5 pontos desde julho [o petista ganhou 4 pontos, o tucano perdeu 7,5 pontos].
Alckmin disse que o resultado é ‘uma boa piada’ – e se recusou a falar mais a respeito, alegando que só trata de ‘assuntos sérios’.
Queimou a língua porque à noite o Jornal Nacional trouxe o mais recente levantamento do Datafolha, segundo o qual, desde julho, a vantagem de Lula cresceu 7 pontos [o petista ganhou 3 e o tucano perdeu 4]. E aí Alckmin foi obrigado a dizer que o instituto ‘é muito sério’, deixando implícito que o Sensus não é.
Comento o episódio por dois motivos.
Um é que pela primeira vez um candidato ao Planalto este ano contesta não só os dados de uma sondagem, mas a empresa que a fez – o que, a julgar pelo retrospecto, é argumento de mau perdedor.
Outro motivo é que a contestação dá alento à teoria conspiratória – que volta e meia aparece em comentários de leitores deste blog – de que as pesquisas são sempre, ou quase, fajutas.
Não porque não sirvam tecnicamente para tomar a temperatura da opinião pública, mas porque o termômetro seria fabricado sob medida para produzir tais ou quais resultados.
Até existem mercadores de números. Mas os institutos que os candidatos e a grande mídia contratam são sérios, disputam um mercado concorrido e não se exporiam ao risco de ter as suas reputações manchadas na praça.
Boa piada, portanto, é candidato insatisfeito culpar não as próprias limitações eleitorais, por falta de sintonia com o eleitorado, ou por erros de estratégia de campanha, mas quem apura a consequência dessas limitações.
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