Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os leitores na era da recomendação


A observação dos comentários postados no Código ao longo dos últimos dois meses mostra um fenômeno pra lá de interessante. Cresce o número de comentários com sugestões de novas páginas, reproduzindo o espírito original dos weblogs, que era o da recomendação de endereços e projetos.


O fato é importante porque dá sinais de que os leitores começam a sentir-se participantes e até, de alguma forma, donos do Código Aberto que, nestas condições, começa a fazer jus ao nome. Desde o início nossa proposta foi usar a abertura como condição para gerar participação e com ela a interatividade horizontal entre os leitores.


Este espírito de co-propriedade é uma das marcas diferenciadoras das experiências da chamada Web Social, que geralmente começam por uma iniciativa de um grupo de pessoas criativas, depois são comprados por algum grande grupo e em seguida entram numa fase de choque cultural, onde os usuários acabam entrando em choque com os donos legais, que resistem à perda do controle. Qualquer semelhança com o caso MySpace não é mera coincidência.


Na verdade, o Código está se transformando numa parceria entre autor e leitores, onde estes começam a ver na prática como funciona a tal da teoria da recomendação.


Ela é considerada hoje o grande hit das pesquisas na internet porque ela permitirá transformar a avalancha de informações em algo utilizavel pelo usuário comum. É uma corrida de cientistas para descobrir o que muitos já chamam de ‘Google Inteligente‘.


Alguns gênios da informática tentam descobrir um programa capaz de identificar o que as pessoas querem e propor uma solução. Já existem algumas tentativas como as do site americano What to Rent que traça um perfil psicológico do interessado antes de sugerir filmes para ele alugar.


Mas o que há de mais interessante são as pesquisas sobre envolvimento do usuário na formação de um conjunto de recomendações capazes de orientar pessoas. Aqui a coisa ganha uma dimensão muito maior do que no caso dos softwares porque envolve milhões de pessoas.


A página de buscas Google já usa um sistema de recomendações baseado em referências de links. Quanto mais referências uma página tiver, mais visivel será o seu endereço na lista de resultados da busca. Mas o sistema já está a beira do esgotamento porque o numero de páginas cresce mais rapido que a capacidade o Google de indexar todas elas.


Por isto os especialistas afirmam que o surgimento de grupos de pessoas aglutinadas em torno de fontes de informação, como o Código, é a alternativa para a formação de comunidades de recomendação de endereços, assim como nosso pais trocavam receitas contra a gripe e nossas mães receitas de biscoitos.


Conversa com o leitor


No último post antecipei que iria publicar um texto sobre a pressão das bolsas de valores sobre as empresas jornalisticas. O texto está quase pronto, mas decidi dar prioridade a este depois de ler os comentários mais recentes de alguns leitores. Achei que era o momento certo. Mas o tema das bolsas vai ser o próximo da lista, porque sinaliza uma mudança transcendental na indústria dos jornais.