Quase todos os gurus da internet afirmam que a rede tem tudo para se transformar no principal espaço de ação política do planeta na medida que a humanidade incorporar cada vez mais a comunicação online no seu quotidiano. Isto coloca desafios enormes para os observatórios da mídia diante da multiplicação de canais de informação e também pelo surgimento de um novo publisher, o cidadão comum que edita o seu weblog. Só a rede de weblogs já reune hoje mais de 50 milhões de pessoas cujas idéias, propostas e ações podem ser acessadas em tempo real, sem limitações de fronteiras. Se formos somar a este total o de pessoas conectadas por correio eletrônico, listas de discussão, salas de bate papo ou comunidades tipo Orkut chegaremos a um total que pode ser dez vezes maior em todo mundo. Todo esta vasto conjunto de canais de comunicação ampliou extraordinariamente o que se convencionou chamar de mídia, o objeto de estudo e monitoramento da grande maioria dos observatórios e veedurias espalhados pelo mundo. A observação da midia cresceu e tornou-se uma ferramenta indispensável a partir do monitoramento crítico dos veículos de comunicação, em especial a imprensa. O reduzido número de publicações e emissoras tornava possível um acompanhamento global pelos observatórios. Mas a medida que a oferta informativa foi crescendo e se diversificando surgiu a necessidade de segmentar os observatórios e veedurias através do monitoramento temático, ou seja especializado em temas como educação, segurança, infância e direitos humanos. Agora com a multiplicação dos weblogs no aluciante ritmo de um novo a cada segundo, os observatórios enfrentam dilemas ainda mais complexos. Devem continuar observando apenas a chamada imprensa convencional, mesmo quando ela incorpora cada vez mais elementos da comunicação online
Se a principal missão dos observatórios é garantir a diversidade informativa, a contextualização e a veracidade das informações publicadas, eles terão que fazer algumas escolhas. A principal delas é o inevitável aumento da qualificação do seu pessoal porque ficará muito mais difícil separar o joio do trigo em matéria de informação.
Também é quase certo que a multiplicação dos weblogs terá como corolário a busca de referências na hora de avaliar contextualizações, tarefa que invitavelmente acabará recaindo sobre os observatórios e os ombusdmen da imprensa.
Estas são apenas algumas das questões que estão no ar e provavelmente não poderão ser resolvidas rapidamente porque o processo de mediatização na internet está apenas começando. Mas uma coisa é certa, ele veio para ficar.
Aos leitores: Este texto está sendo publicado também no weblog do Colóquio Latino-americano Sobre Observação da Mídia, que será realizado em São Paulo, entre os dias 11 e 13 de Setembro, com a participação de 25 observatórios do continente e palestrantes como o escritor norte-americano Dan Gillmor e o pesquisador italiano Mauro Cerbino.