Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Para a IstoÉ, somos todos uns pascácios

Na semana passada, a revista IstoÉ mentiu ao Jornal Nacional quando lhe passou, para divulgação, os resultados de uma pesquisa eleitoral que encomendara ao Ibope.


A revista informou falsamente que a pesquisa cobria apenas o primeiro turno, em diversos cenários.


Os números foram ao ar na quinta-feira e apareceram nos jornais da sexta.


Nessa mesma sexta, por via das dúvidas, o Ibope colocou a pesquisa inteira no seu site. Claro, tinha simulações de segundo turno.


No dia seguinte, o Estado e a Veja, cujos repórteres tiveram acesso à sondagem nos registros do Tribunal Superior Eleitoral, informaram não só a verdade sobre os dois turnos, mas principalmente que o questionário continha diversas perguntas sobre o ex-governador fluminense Anthony Garotinho, que quer sair candidato à sucessão de Lula pelo PMDB. E só sobre ele.


Não faltava mais nada para o vexame, mesmo presumindo que a Três Editorial, que publica a IstoÉ, foi quem arcou de fato com os R$ 126 mil que o Ibope cobrou pelo trabalho.


Que nada! A segunda dose foi servida hoje. O redator-chefe da revista, Mario Simas Filho, aparece na mídia dizendo que as perguntas exclusivas sobre Garotinho eram “para consulta interna de nossa redação”. As respostas serviriam para orientar as entrevistas que a IstoÉ promete fazer com todos os candidatos – perguntas sobre os quais seriam incluídas nas próximas pesquisas.


Mas o Ibope informa que o cliente nem apresentou ainda um cronograma para os levantamentos seguintes.


O pior foi a explicação sobre o enfurnamento dos resultados das intenções de voto para o segundo turno. Conforme a Folha:


“Tomamos a decisão editorial de não publicar esses dados por entender que, como ainda não há candidaturas definidas, os números que retratam o cenário atual são do primeiro turno e não do segundo, cuja análise seria ainda especulativa.”


Ou, como resumiu o Estado: “Istoé: 2º turno não tem interesse jornalístico”.


Se assim é, por que gastaram dinheiro e aborreceram o pobre do entrevistado com uma questão ‘especulativa’?


Em suma, além de mentir para o Jornal Nacional, a cúpula do semanário acha que somos todos – o presidente, os políticos, os marqueteiros, os comunicadores, os jornalistas, os leitores – um bando de pascácios.


Tanto que, quando se fala em sucessão, só pensamos naquilo que não tem a menor importância: o segundo turno da disputa pelo Planalto.


Depois dessa, o mínimo que se pode dizer é que a IstoÉ já era.


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