Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Pensata sobre o futuro dos jornalistas


O namoro, cada vez mais caliente, entre a grande imprensa e os weblogs colocou na agenda jornalística a questão do futuro da profissão. Os blogs, além de estarem se transformando num fenômeno de massa, criaram um novo personagem: o jornalista cidadão, ou seja, o indivíduo comum, sem formação jornalística, que publica um blog, tornando-se um produtor e distribuidor de informação.


Este novo personagem inevitavelmente mudará a percepção que os consumidores de informação têm do jornalismo. A medida que os blogs ficarem mais populares e ubíquos, deve mudar o cardápio informativo das pessoas comuns. Elas devem passar a procurar as notícias de seu quarteirão, do seu bairro e de sua cidade (principalmente as pequenas) nos blogs produzidos por vizinhos e conterrâneos. O mesmo processo deve ocorrer na área das informações setorizadas.


O jornalista cidadão na verdade é um produto da democratização da informação gerada pela Web e pela inovação tecnológica. No momento em que um indivíduo comum passa a poder produzir e disseminar notícias, ele assume um conjunto de responsabilidades decorrentes da propria natureza da informação. Mesmo o analfabeto sabe que para uma pessoa lidar com informações é necessário ser confiável, preciso e procurar o maior grau possivel de isenção.


Se as pessoas comuns ainda não tomaram consciência do seu novo papel coma agentes informativos, os jornalistas também não assumiram a tarefa de definir seu papel futuro na arena da informação. Tudo indica que o noticiário local e setorial será dominado pelas pessoas comuns atuando como jornalistas cidadãos em iniciativas chamadas de jornalismo cidadão colaborativo, caracterizado pela produção coletiva de informações, segundo exemplos que se multiplicam pelo mundo, como o caso da experiência do NorthWestern Voice , um site de dos moradores da região noroeste da cidade norte-americana de Bakersfield.


Entre os jornalistas profissionais, tudo ainda está muito nebuloso porque há pouca gente pensando no assunto. Mas algumas coisas, por exemplo, já podem ser vislumbradas: os jornalistas profissionais serão os tutores das pessoas comuns no manejo da informação e terão sob sua responsabilidade a produção de reportagens investigativas, cuja demanda será muito maior do que hoje, porque a exigência de contextualização das informações será muito maior.


Paro por aqui, porque este tema ainda vai dar muito pano para manga.