A propaganda eleitoral do PMDB paulista usa imagens do vídeo gravado pelo PCC e exibido pela TV Globo. Quero ser mico de circo se isso não é dar cartaz aos bandidos. E o discurso do PMDB paulista é mentiroso até a alma. O governo de Orestes Quércia deu uma grande contribuição para o aumento da violência: promoveu a eleição de seu secretário de Segurança, Luiz Antônio Fleury Filho, defensor da pena de morte. Além de ter seguido a lógica usual da repressão: mais homens, mais armas, mas carros, não sei quantas delegacias. E a confusão seguindo impávida.
Maluf aparece na propaganda do PP, candidato a deputado federal, com a seguinte equação: ‘Cada sala de aula a mais é uma cela a menos’. No governo, ele foi o campeão da Rota, que, segundo diferentes relatos, supostamente recolhia durante o dia com comerciantes os nomes dos bandidos que os incomodavam e os executava à noite, em ‘confrontos’. Esse é o Maluf.
A propaganda de Alckmin faz a marotagem de se ‘isolar’ da pancadaria. Primeiro exibe, num quadro chamado ‘Por um Brasil decente’, depoimento, digamos assim, de um operário que espinafra o governo Lula. Em seguida, entra uma voz em ‘off‘: ‘Começa aqui o programa de Geraldo Alckmin’. Ou seja: o espinafrador é um ente autônomo, um free-lancer da espinafração, cai de pára-quedas no horário eleitoral (obrigatório, mas não gratuito, como já se cansou de explicar o Alberto Dines). Geraldo não faz baixaria, só oferece críticas construtivas e propostas. Isso é desfaçatez.
Na propaganda de Lula, o Brasil é um país tão lindo que estou até pensando em me mudar para lá. Quer dizer, para cá. Sei lá. Só sei que não é o mesmo país em que eu vivo. Lula e Duda, um só coração.
Onde está o Tribunal Eleitoral que não policia toda essa mentiralhada grotesca? Eu vi na hora do almoço. Tem criança na sala. É um perigo.
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Polêmicas em torno do publisher Frias
O jornalista Paulo Nogueira, diretor editorial da Editora Globo, escreveu na Época desta semana, sob o título “Meu tipo inesquecível”: “O livro A Trajetória de Octavio Frias de Oliveira deve ser visto não como uma biografia, mas como um tributo ao dono da Folha de S. Paulo. A intenção essencial do autor, o jornalista Engel Paschoal, parece ter sido não a de tentar entender os altos e baixos de Frias como homem e empreendedor – e sim a de homenageá-lo. Isso tira valor do livro como obra literária e o conduz à categoria de peça de propaganda”.
Paulo Nogueira é filho de Emir Nogueira, que foi jornalista da Folha de S. Paulo em tempos idos. Ele atribui o núcleo de qualidades da Folha a um precursor de Octavio Frias de Oliveira, José Nabantino Ramos, “um homem letrado, intelectualmente refinado e idealista, uma figura relevante e subestimada na história da Folha”.
Para ler a resenha de Paulo Nogueira, clique aqui.
A Veja e o Estadão publicaram resenhas mais simpáticas ao livro. Para lê-las no site da Livraria Cultura, clique aqui.
A Época não foi tão severa com a biografia de Roberto Marinho escrita pelo jornalista da TV Globo Pedro Bial e publicada em dezembro de 2004. Nem era de se imaginar que fosse. Eis como termina a resenha assinada na revista por Martha Mendonça:
“Entre os trunfos do livro, está poder passear pela história recente do Brasil e acompanhar as transformações que o jornalista imprimiu em O Globo e na TV Globo, sempre ligado no desejo dos leitores-telespectadores e em como interagir com eles. Outro ponto alto é a forma com que Bial se relaciona com os leitores, chamando a atenção para determinados pontos, fazendo perguntas e também mostrando seu processo operacional e psicológico na feitura do livro. Como um bate-papo inteligente, acessível e popular. Doutor Roberto certamente aprovaria”.
Para ler a resenha completa, publicada no site da Livraria Cultura, clique aqui.
A Folha de S. Paulo mostrou menos entusiasmo com o livro de Bial. Em resenha escrita por Renata Lo Prete (4/12/2004) encontram-se os seguintes trechos:
“Começa pela opção de referir-se ao jornalista e empresário, morto em agosto de 2003 aos 98 anos, como ´Doutor Roberto´ ao longo das quase 400 páginas. Pode-se alegar que assim o chamavam os funcionários das Organizações Globo e todos os que dele se aproximavam. Mas, aliada ao recurso de continuamente convidar o ´amigo leitor´ a seguir a jornada de ´nosso companheiro´, essa forma de tratamento revela disposição para diluir contrastes e iluminar o personagem sempre com a luz mais favorável”.
“Pena que tanta matéria-prima tenha sido plasmada com olhar de deslumbramento por Bial, que ao final reflete: ´Roberto Marinho… Nunca imaginei que me coubesse tal missão, escrever, com independência, um perfil biográfico de Roberto Marinho. Assim como nunca sonhei em vir a ser apresentador do Fantástico ou do Big Brother Brasil´.
Se independência lhe foi dada, ele mostrou pouco interesse em utilizá-la. Não obstante o valor documental de Roberto Marinho, resta por ser feita uma biografia que, sem deixar de reconhecer seus méritos e o papel central na história das comunicações no Brasil, seja capaz de encará-lo com algum distanciamento”.
Renata Lo Prete escreveu o que pensou, claro. Mas Pedro Bial, em entrevista ao site No Mínimo, considera suspeito o que sai na Folha a respeito da Globo:
“Uma vez eu vi o Otávio Frias Filho (da Folha de S. Paulo) falando no Observatório da Imprensa: ´Realmente, fazemos uma campanha contra a TV Globo´”.
Na mesma entrevista, dada a Guilherme Fiuza, Pedro Doria, Sérgio Rodrigues, Tutty Vasques, Xico Vargas e Zuenir Ventura, Bial faz uma espécie de strip-tease afetivo-profissional: “É como eu disse, eu não queria que o livro fosse uma hagiografia de Roberto Marinho, mas eu fui o tempo todo deixando bem claro que eu estava me apaixonando pelo personagem. Eu fui escrevendo enquanto fazia a pesquisa, descobrindo como era o sujeito junto com o leitor. Quando percebi que estava apaixonado, já tinha acontecido, não foi algo pensado. Fui fazendo e ele foi me ganhando. [….] Eu me orgulho do que consegui fazer, foi uma façanha. Acho que teve esse defeito do autor ter se apaixonado pelo personagem, mas isso é bastante comum, não fui o primeiro. O livro é digno”.
Leia a entrevista completa: “O dr. Roberto não era o demônio”.
Eu não li o livro. Não posso opinar.
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Uma no cravo
Ontem o ônibus de Pedro Bial conseguiu emplacar uma boa reportagem no Jornal Nacional. Em São Félix, na Bahia, calcada na questão do desemprego. A viagem começou há 19 dias. Quem sabe começa a encontrar o rumo?
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