A expressão Web 2.0 começou como um slogan marqueteiro há três anos mas desde outubro de 2005 transformou-se num divisor de águas entre dois campos ideológicos dentro da internet.
A grande mudança surgiu a partir da versão 2005 da Conferencia Web 2.0 realizada em San Francisco, nos Estados Unidos, onde um seleto grupo de intelectuais e empreendedores da internet trocaram idéias durante tres dias sobre como acelerar e aprofundar a circulação de informações dentro da Web.
As grandes estrelas da conferencia realizada no começo de outubro foram os novos softwares para compartilhamento de informações num grau inédito dentro da internet. Os nomes mais badalados foram o projeto Ajax que combina vários softwares para aumentar o dinamismo e interatividade na geração de páginas em tempo real. Outra estrela foi a empresa Zimbra, que está desenvolvendo um programa em código aberto que vai substituir o Exchange, da Microsoft, amplamente usado em empresas.
A idéia que começou a ganhar corpo durante os debates e apresentações na Web 2.0 é a de que a rede deve deixar de ser uma coleção de páginas estanques para se tornar num fantástico emaranhado de links, onde ninguém é mais dono da informação e todos trabalham na base da recombinação de conhecimentos.
O avanço das idéias de compartilhamento, recombinação e código aberto inevitavelmente acabou mexendo em valores tradicionais e bem arraigados na cultura norte-americana e a reação dos conservadores foi imediata. Nicholas Carr, ex-editor da revista Harvard Business publicou em seu blog Rough Type uma violenta crítica às idéias apresentadas na conferência Web 2.0 , qualificando-as de amorais, amadorísticas e irrealistas, apesar do encontro ter contado com o patrocínio de empresas do porte da Microsoft, Google, Yahoo, The New York Times, AT&T e Akamai.
O artigo de Carr gerou uma enorme discussão onde pela primeira vez na internet os argumentos técnicos foram superados por duas visões diferentes e ideológicas sobre o futuro da rede. A expressão Web 2.0 passou a ser associada aos que defendem mais inovações para aumentar o livre fluxo de informação e seus principais arautos são Tim O Reilly e Lawrence Lessig.
O vertiginoso crescimento da internet começou a afetar valores culturais e comportamentos sociais provocando a reação de segmentos econômicos afetados pela mudança. Não se trata da clássica divisão entre esquerda e direita, mas sim entre os que defendem a mudança e os que resistem a ela. A ideologia começa a roubar espaços da tecnologia dentro da Web.
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