Uma das desculpas mais esfarrapadas dos editores, para justificar a invasão do jornalismo de celebridades, é a de que os leitores gostam de saber da vida de pessoas famosas, ainda mais quando essas notícias vêm salpicadas com alguma maledicência. A atual disposição de posições pró e contra a venda de armas no Brasil, por conta do referendo do próximo dia 23, desmonta esses – enganosos, diga-se de passagem. Quando questionados acerca do serviço público que prestam com a abertura crescente de espaços e recursos para escrever sobre a vida particular, feitos e programas dos mais famosos, mais ricos, dos mais mais em qualquer coisa e dos que os servem, a desculpa é que o público gosta desse tipo de informação – e, contrariá-lo, seria suicídio.
Se a desculpa fosse convincente, todas estariam a favor do fim do comércio de armas no Brasil – pois, como mostram todos os levantamentos de opinião, a maioria esmagadora dos eleitores (e do público) é a favor da proibição à venda de armas.