Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Preferência pelo passado

Ontem me perguntei como os jornais de hoje tratariam as duas frases que me soaram as mais fortes do discurso de despedida de José Dirceu (ver “Vou fazer e acontecer”, de 16/6).

No noticiário, a Folha destacou uma delas na manchete interna ““Combaterei quem quer desestabilizar Lula””. O Globo preferiu destacar a outra sob a manchete de primeira página: “Depois de 30 meses, ele deixa a Casa Civil para “continuar governando o Brasil como deputado””. O Estado não ressaltou nem uma coisa nem outra.

Nos editoriais sobre a queda, nada na Folha. O do Estado, que só sairá amanhã, provavelmente abordará o assunto.

Já o Globo, depois de assinalar que Dirceu “vestiu o uniforme de combate… contra uma suposta tentativa de desestabilização do presidente Lula e da própria democracia” disse que “compreende-se que a emoção desses momentos produza arroubos verbais”.

Saí com a impressão de que, um pelo outro, os jornais gastaram mais tinta e papel do que talvez devessem com o que empurrou Dirceu para fora do Planalto e menos do que deveriam com o que ele poderá aprontar de agora em diante.

Pela simples razão de que o rumor de sua saída próxima já vinha aparecendo na imprensa antes mesmo da primeira entrevista de Roberto Jefferson sobre o mensalão, na Folha. Ao passo que o futuro de Dirceu é um prato cheio para as páginas políticas, embora necessariamente marinado em especulação.