Ninguém pode criticar os jornais do dia por não terem noticiado direito os dois mais importantes fatos eleitorais da véspera – a divulgação do programa oficial do segundo governo Lula e o discurso em que o ex-presidente Fernando Henrique cobra de Geraldo Alckmin que ponha ‘fogo no palheiro’.
Ficou claro que o programa de Lula é ele mesmo, como escreveram na Folha o repórter Gustavo Patu e o colunista Vinicius Torres Freire. [A Folha, aliás, deu melhor que a concorrência o pacote programa+discurso do presidente.] Por isso, é oco.
E ficou claro, pelas falas de FHC e de Alckmin, e do que um apresentador não identificado disse pelo candidato no horário eleitoral de ontem à noite, que o máximo que a oposição tem a oferecer, como alternativa ao personalismo de Lula, é um udenismo tardio – a bandeira da moralidade pública desvinculada de um projeto para o país capaz de balançar o coreto do lulismo.
Marx uma vez falou da ‘miséria da filosofia’ do seu tempo. A pobreza da política brasileira hoje não fica muito atrás. E a mídia não ousa ir além do ramerrão diário da campanha para expôr o vazio político em que circula.
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