Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Projeto inova usando repórteres-abelha para treinar leitores


Os editores do jornal online News Press ainda não conseguiram se recuperar da surpresa que tiveram ao avaliar os resultados do primeiro mês de uma polêmica experiência de jornalismo local baseada nos chamados repórteres-abelha, mais conhecidos em inglês pelo jargão mojo (mobile journalist).


A audiência duplicou nos sites noticiosos, técnicamente classificados como hiperlocais, ou seja, com um público alvo inferior a 10 mil pessoas, que cobrem três pequenas comunidades do sul da Flórida. Os condados da região perderam seus jornais locais e até os suplementos de grandes jornais em consequência dos cortes de despesas efetuados pelos grandes grupos jornalisticos da Flórida, nos últimos oito anos.


Os repórteres-abelha receberam este nome porque vivem mais na rua do que nas redações e porque são capazes de apurar, fotografar, filmar, narrar, editar e transmitir usando equipamentos portáteis de última geração. Além da sua formação multimídia, de sua total mobilidade e autonomia em matéria de reportagens, a sua grande característica é o entrosamento total com a comunidade.


Na experiência promovida pelo grupo News Press nas comunidades de North Forth Myers, Estero e Bonita Springs há um lado totalmente inédito em matéria de jornalismo hiperlocal através da internet. Pela primeira vez os repórteres abelha receberam também a missão de orientar as pessoas sobre como escrever, dar entrevistas, coletar informações e até produzir weblogs.


Kate Marymont, diretora executiva do News Press explica como os repórteres atual na comunidade: ‘Eles cobrem de tudo, acidentes de trânsito, encontros de país e professores, reuniões na prefeitura, festas de rua, competições esportivas e casamentos. Metade do tempo, eles usam para produzir matéias e na outra metade, os reporteres ensinam as pessoas a coletar informações, escrever um informe, dar entrevistas, fotografar, filmar e usar a internet para passar noticias para o jornal e para a comunidade’.


Não é a primeira experiência de reportagem hiperlocal nos Estados Unidos, país onde esta modalidade de jornalismo começou a ser testada desde que a internet de banda larga chegou aos subúrbios das grandes cidades.


A tentativa mais famosa aconteceu em Skokie, na periferia de Chicago, onde a faculdade de jornalismo da Universidade Medill criou no inicio de 2004 o projeto GoSkokie . O site ainda está no ar, apesar do relatório produzido pelos seus criadores analizando uma série de erros do projeto ( mais detalhes em Hyperlocal Citizen Media ) .


Tanto os projetos de sites noticiosos hiperlocais como a experiência dos repórteres-abelha podem ser reproduzidos noutros países. Tratam-se de iniciativas que tem um custo muito reduzido, geram uma grande interatividade entre jornalistas e seu público e permitem a descoberta de alternativas de comunicação fora dos ambientes convencionais ou dominados pela mídia tradicional.


Temos aqui no Brasil, por exemplo, bairros de classe média em várias cidades que poderiam facilmente serem usados como ambiente para experiências de jornalismo comunitário visando testar fórmulas capazes de reaproximar o público dos jornalistas em novas bases.


O que falta é ter informação sobre o que já foi testado, o que pode ser feito e um pouco de iniciativa de profissionais autônomos, grupos comunitários e de empresas jornalísticas estabelecidas. A experiência do News Press está sendo bancada pela rede Gannett, uma das três maiores cadeias de jornais dos Estados Unidos, mas existem pelo menos 15 outros projetos de jornalismo hiperlocal lançados por prefeituras, associações de moradores e universiades norte-americanas.


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