No gênero, não me lembro de cena igual desde a foto do então presidente Fernando Henrique, em palácio, irmanado com a valorosa rapaziada da Juventude Malufista, vestida a caráter – camisetas brancas com as duas palavras no peito.
O malufismo tinha conseguido estender aos prefeitos das cidades com mais de 200 mil habitantes o direito à reeleição originalmente restrito ao presidente e governadores. No ano seguinte, 1998, viam-se em São Paulo painéis de propaganda da candidatura Maluf ao Bandeirantes em que ele aparecia, numa montagem, ao lado de Fernando Henrique.
Pois hoje, com exclusividade, o Estado traz na primeira página, como não poderia deixar de fazer, a foto de um risonho deputado, o petista Cândido Vaccarezza, o ‘embaixador’ da ex-prefeita e quem sabe futura ministra Marta Suplicy no Congresso Nacional. Ao lado dele, também sorridente, o seu colega de Câmara, Paulo Maluf.
Acima do título ‘Um brinde por Dona Marta do PT’, a foto, tomada quarta-feira à noite por Paulo Valadares, numa mesa do restaurante Piantella, em Brasília, com taças de vinho e uma garrafa de Château Plince (um Pomerol de R$ 225, informa o jornal) registra uma celebração.
Segundo o repórter Expedito Filho, autor do flagra, Vaccarezza e Maluf haviam acabado de fechar um negócio: o PP do doutor Paulo apoiará o (a) candidato(a) do PT de dona Marta a prefeito de São Paulo em 2008, ganhando, com isso, o direito de indicar o nome do vice dele (dela).
Apesar do riso aberto de Vaccarezza e do sorriso mais contido de Maluf, foi coisa de gente séria. Tanto assim, escreveu Expedito, que ‘o ex-prefeito paulista (sic) disse que o seu apadrinhado seria um professor universitário e chegou a citar o reitor da Uniban, Heitor Pinto Filho’.
Para Maluf, afirma ainda a matéria, ‘a chance de o PT perder é pequena’ se a candidata for Marta. Além de ser uma candidatura ‘muito competitiva’, jogam a seu favor as diferenças entre os tucanos Serra e Alckmin, ‘em rota de atrito’.
A municipalização do pacto PP-PT, que já existe na esfera federal, é a enésima demonstração de que não sobrou ninguém na política brasileira, afora a brava gente do PSOL e outros ainda menos votados, para atirar a primeira pedra.
P.S. O que ficou do café dos jornalistas com o presidente:
1. ‘Não há essa hipótese [a disputa de um terceiro mandato]. É brincar com a democracia.’
2. ‘Ser pingüim é muito difícil. É mais fácil ser gente.’
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